quinta-feira, 31 de maio de 2007

Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Nicea Brasil disse...

Oi Poti: são 22 horas e estou tomando conhecimento do teu blog. Que bom que destravaste a escrita. Tu tens um interior tão rico e fascinante que seria muito egoismo guardar só para ti. Que bom que te atreveste. Gosto de pessoas atrevidas. Quero te ouvir neste blog muitas vezes. Da amiga Nicéa

Ulisses disse...

Parabéns pela homenagem a tua mãe. Justíssima. Sou testemunha do grande valor dessa dessa mulher.
Abração do amigo Ulisses