quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O SAMBA DE RONALDINHO PARA CIMA DE DUNGA E RENAN

Antes de voltar ao SAMBA, vou terminar o assunto sobre o FUTEBOL, com o super-craque, RONALDINHO GAÚCHO.

Convalescendo de doença, ainda morando em SANTA VITÓRIA, foi necessário vir várias vezes para PORTO ALEGRE. Num domingo, fui ao OLÍMPICO, junto com a CAIO, assistir a um GRÊMIO X CAXIAS. O técnico da equipe adversária era o TITE, que nem em sonho pensava em treinar algum dia a time da Carlos Barbosa. Ao final do primeiro tempo, um zero a zero, o meu companheiro de arquibancada diz: "Poti, se entrar o RONALDINHO, irmão do ASSIS, ganhamos o jogo". Dito e feito. Resultado final: GRÊMIO 2 X 0. Dois gols do futuro super-craque, que nessa época, ainda era um menino.

Algum tempo, novamente no estádio do GRÊMIO, mais um GRENAL. Desta feita, o INTER ostentando a volta de DUNGA. Nem deu para a saída. RONALDINHO estava endiabrado. E não foi um, mas foram dois "CHAPÉUS" que o "Capitão do Tetra", levou do jogador gremista, durante a partida. Cabe ressaltar que isso não desmerece em nada o atual treinador da seleção brasileira, um atleta e cidadão excepcional. Apenas são essas coisas que fazem a magia e o encanto do FUTEBOL.

E, para terminar, mais uma historinha que presenciei em mais um GRENAL. O INTER tinha um goleiro de nome RENAN, se não estou enganado. Alto, forte, que gostava de ir para a área adversária tentar o gol de cabeça. Passou todo o jogo fazendo gestos de provocação para RONALDINHO. Tipo "aqui, não", "aqui tu não faz gol", essas coisas. Lá pelo final da partida, faltando menos que 3 ou 4 minutos, 0 x 0, uma falta da entrada da área do time visitante. RONALDINHO pede para bater e, lógico, converte a falta em gol. A torcida gremista fica louca, a festa é total e RENAN perde completamente o controle e quer ir para a área do GRÊMIO tentar o cabeceio. ZÉ MÁRIO, seu técnico, faz sinal que não, que ele não faça, isso, mas RENAN não quer nem saber e não volta para sua área. Falta menos de um minuto para o jogo acabar e ZÉ MÁRIO faz um gesto para o banco de reservas, sinalizando que vai substituir seu goleiro titular. Este finalmente percebe o erro que vai cometer e volta devagar para sua meta. A partida chega ao seu final e a carreira de RENAN no INTERNACIONAL também.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

ESSA NÃO PODIA DEIXAR PASSAR...

Saiu na VEJA:

"Se tivesse um punhado de anos e algumas arrobas a menos, Nelson Jobim provavelmente teria aparecido na Amazônia fantasiado de Tarzan."

Augusto Nunes, jornalista, falando do ministro da Defesa, fotografado na selva de roupa militar camuflada afagando cobras e onças.
Sem comentários...

domingo, 28 de outubro de 2007

HOJE É FUTEBOL, MAS O SAMBA CONTINUA...

Depois de uma longa caminhada pela REDENÇÃO, junto com a CARLA, nesta bela manhã de domingo, sento no computador para agradecer os e-mails e comentários que venho recebendo. Em especial a CARMELINA, a ÂNGELA, o GIOVANI, os FRANCISCOS e o JOEL, pelas lembranças, dicas, toques e sugestões. Hoje, acatando uma sugestão do FRANCISCO, vou falar sobre FUTEBOL, do meu jeito, lembrando que os comentários sobre o SAMBA ainda vão continuar. Alô, GIOVANI, encerro essas postagens comentando os discos de SAMBA do LUÍS MELODIA e da MARIA RITA.

Muito bem, vamos lá, o jogo está começando. A paixão pelo FUTEBOL é fruto da influência de meu pai. Por essa razão sou GREMISTA. De quatro costados. Foi a herança que ele me deixou. Preciosa e cultivada ao longo dos anos com o maior carinho. Até hoje lembro da primeira vez em que pisei no ESTÁDIO OLÍMPICO. Foi na primeira metade dos anos 60. Era um domingo bonito como este. Fiquei deslumbrado. Quem me levou foi o "seu" PITIGUARA , avô do ZORRO CORRÊA, dileto primo, compositor e guitarrista.

Nessa ocasião, me foi dada a oportunidade de ver jogar o maior ídolo de minha infância. Ele, o grande centroavante, ALCINDO MARTHA DE FREITAS, que se comportou muito bem, fazendo três gols no Riograndense. Imaginem, um guri mal saído do berço, lá de SANTA VITÓRIA, que ficava mais longe do que hoje de Porto Alegre, poder ver o seu ídolo jogar e "acabar" com o jogo. Quando voltei contando dessa façanha, principalmente ao amigo NELSON LUIZ, parceiro de "gola a gol", fiquei me sentindo como um rei. Um ou dois anos depois, se não me falha a memória, ele acabou comigo, voltando de Montevidéu, aonde foi levado a assitir um jogo do SANTOS, com uma fotografia ao lado do PELÉ. Nem sei se ele ainda recorda disso e se guardou essa foto.

Alguns anos depois, em 1977, no GRÊMIO treinado por TELÊ SANTANA, voltei a ver o ALCINDO jogar. Foi a reconquista do campeonato gaúcho. Mais uma final em sua carreira, a derradeira. Um GRENAL. O velho ídolo estava lento, pesadão, tinha voltado do MÉXICO para encerrar a carreira no seu time de coração. Ainda sabia fazer a "parede" para quem vinha de trás poder chutar, como ninguém. Entrara no lugar do ANDRÉ CATIMBA que, após abrir o placar, saiu lesionado. Vitória tricolor. Outro 3 X 0. ALCINDO deixou o dele, de cabeça. Era a sua despedida. Estão aí, para confirmar este momento de glória, o CAIO, outro primo e amigo e o BECO, vindos comigo de Pelotas especialmente para esse jogo, acompanhados pelo ZORRO. É isso aí. O tempo de bola em jogo terminou. Foram 90 minutos de doces lembranças...

Na prorrogação, antes de voltar a sambar, ainda falo um pouco mais sobre FUTEBOL e o GRÊMIO, em especial. Até lá.

sábado, 27 de outubro de 2007

OS ERROS SÃO TODOS MEUS

Escrevo por instinto, impulso. A revisão é mínima. Peço desculpas por alguma vírgula fora do lugar, uma crase esquecida, esses erros mais comuns. São todos meus, como bem disse numa canção o nosso Ministro da Cultura. Noventa por cento do que está escrito é fruto da memória. A consulta é mínima, algum artigo ao alcance da mão, uma olhada numa capa de CD, essas coisas.

O mais importante é que tudo o que será lido foi fruto da paixão, essa paixão de ler muito, que nasce da minha rotina diária, de muitos e muitos anos. Ler, tudo o que posso e for do meu interesse. Na cama, na mesa, no banheiro, no sofá da casa, nos intervalos de qualquer atividade e, escutar música, muita música e refletir, muito, muito sobre essas e todas as coisas. O resultado está aí, neste blog. Os que, por ventura, estão acompanhando o que foi escrito, são os verdadeiros juízes. Para ser absolvido basta clicar pela segunda vez e ler uma nova postagem. Esse gesto, em verdade, não é uma absolvição, mas um prêmio do mais alto e inestimável valor.

Muito obrigado.

OLHA O SAMBA AÍ DE NOVO, MINHA GENTE!

Ontem , quando me referi ao pessoal que sempre batalhou pelo SAMBA, esqueci de citar BETH CARVALHO, MARTINHO DA VILA e, em menos intensidade, devido ao seu falecimento, CLARA NUNES. Seus discos sempre venderam bem e BETH CARVALHO, por exemplo , está comemorando 40 anos de SAMBA, com um show que passará inclusive aqui por Porto Alegre. Também não posso deixar de citar ZECA PAGODINHO, um dos maiores vendedores de CDs no Brasil e JORGE ARAGÃO, com inestimável serviços prestados ao nosso ritmo maior.

Pronto, já citei os esquecidos e os que estão nas paradas, agora volto para os sambistas clássicos, para o SAMBA DE RAIZ, na realidade, a verdadeira fonte de criação em que bebem todos aqueles que curtem essa extraordinária música brasileira.

Começo por CLEMENTINA DE JESUS, cuja importância ainda não foi devidamente reconhecida, pelo menos que eu saiba. Sua maravilhosa voz, negra, áspera, autêntica, ressoando jongos, lundus, cantos religiosos, sambas de roda é poderosa, inebriante. Tenho quatro ótimos discos dessa dama sem preconceitos de nenhuma espécie. Experimentem ouvir, por exemplo, sua intrepretação para "Incompatiblidade de Gênios", de JOÃO BOSCO e ALDIR BLANC, e "Marinheiro Só", de CAETANO VELOSO. Ficaram perfeitas, a altura de seus criadores e com aquele algo mais que vêm lá de longe, muito longe, de nossos ancestrais, da África. Outra dama do SAMBA que é impossivel não citar, chama-se D. IVONE LARA. Seu disco BODAS DE OURO está repleto de sucessos e convidados. Até, hoje, em qualquer RODA DE SAMBA, todos os presentes sabem , de cor a letra de "Sonho Meu".

E, encerrando esta postagem, não posso deixar de me referir a CRISTINA BUARQUE DE HOLANDA. É, aquela mesmo, irmã do CHICO. Longe da sombra do irmão mais famoso, CRISTINA baseou toda a sua carreira, belíssima, por sinal, no SAMBA, no mais puro e autêntico SAMBA. Recentemente assisti a um espetáculo seu, primoroso, todo ele calcado em NOEL ROSA. Miúda, tímida, no palco se transforma e logo, logo, está com toda a platéia na mão. Questão de talento e repertório. Neste momento em que encerro estas mal traçadas, fruto do entusiasmo, estou escutando seu último disco, CRISTINA BUARQUE E TERREIRO GRANDE AO VIVO. Uma espécie de biografia musical, o CD é uma passada pela carreira desta cantora sensível e de muito bom gosto. Entre as várias pérolas presentes no disco está seu maior sucesso: "Quantas Lágrimas". Vá correndo comprar. Vale a pena. Tchau.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O SAMBA ESTÁ DE VOLTA. ÔBA!!!!!!!

É isso aí, finalmente o mais autêntico ritmo brasileiro é redescoberto e está de volta, renovado e cada vez mais criativo. Confesso, com a maior honestidade, que nunca fui muito fundo na busca por maior conhecimento relativo ao SAMBA, aquele autêntico, nascido nas comunidades negras da Bahia do Rio de Janeiro. Como nunca tive muita grana disponível para comprar discos, lembro com muito esforço de ter comprado uma fita do CARLOS CACHAÇA, junto com outra do Walter Franco lá pela metade dos anos 70. É claro que já conhecia o grande CARTOLA, seu primeiro disco lançado pela gravadora MARCUS PEREIRA até hoje é um dos meus preferidos. Sempre respeitei o gênio de PIXINGUINHA e , é claro, PAULINHO DA VIOLA e JOÃO NOGUEIRA. Acredito que era um sintoma desse tempo, afinal era mais fácil encontrar um disco do Chico, do Caetano e do Gil, da MPB em geral, do que qualquer disco de SAMBA. Afinal, os sambistas autênticos não gravavam por que não vendiam, ou não vendiam por que não gravavam, fica a dúvida. Portanto o SAMBA para mim se resumia ao citado ou o que era gravado pelos astros de MPB, com destaque para a parceria JOÃO BOSCO e ALDIR BLANC.


Há alguns anos, ainda de maneira tímida, começaram a surgir, agora já em CD, material de altíssima qualidade, na maior parte das vezes, relançamentos de discos de sambistas de respeito que em sua versão em vinil haviam ficado no ostracismo. Eu mesmo, comprei dois ótimos CDs, do NELSON SARGENTO (Sonho de um Sambista) e do MONARCO. Como tenho lido tudo o que posso sobre esta nova febre pelo SAMBA, e ainda não vi ninguém se manifestar a respeito, acho que deve ser dado o devido crédito a MARISA MONTE, que pesquisou, gravou e chamou a atenção para uma turma injustiçada, os grandes sambistas do passado, ligados as ESCOLAS DE SAMBA. É claro que essa explosão já estava em gestação; que o pessoal da velha guarda de várias escolas já havia gravado seus discos, mas considero o marco inicial para nosso bom e velho SAMBA voltar às paradas o CD da VELHA GUARDA DA PORTELA, TUDO AZUL. Produzido por MARISA, é um ótimo disco, bem gravado e com um repertório extraordinário. Este, na minha modesta opinião, o pontapé inicial para o SAMBA mandar para as cucuias, o pagode (que nunca foi PAGODE), o axé e a música (pseudo) sertaneja que há muitos anos vinham torturando nossos ouvidos.


Pois bem e ao som de TERESA CRISTINA cantando PAULINHO DA VIOLA, me despeço de vocês. Na próxima postagem volto com o assunto relativo ao SAMBA, por enquanto fiquem com ...

Se um dia,
meu coração for consultado
para saber se andou errado,
será difícil negar...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

HISTÓRIA CURTA E/OU CURTA ESTA HISTÓRIA

Essa não é minha, é do MILLOR! Portanto vale a pena. Leia também nas entrelinhas.

Os mais antigos devem se lembrar. W. C. FIELDS, mais conhecido no Brasil como CHICO BÓIA, era um cômico nas telas do cinema mundial, mas na vida real era de um mau-humor impressionante.

Esta história é curta, mas é clássica. Conta a lenda que depois de se preparar 18 minutos para jogar golfe, quando estava tudo pronto, foi embora sem jogar. Existe algo mais angustiante do que não fazer o que todo mundo espera? Foi o que ele fez.

DISCAÇO

Elegante, discreto, sóbrio, genial. Todos esses adjetivos podem ser atribuídos a um grande músico. Estou falando de PAULINHO DA VIOLA e também de seu mais novo disco, o "ACÚSTICO MTV". Um maravilhoso CD, para "ser navegado", como diz a faixa de abertura, e ser levado por mares e oceanos repletos de "ondas" da melhor música. O formato acústico, já um pouco desgastado, serviu como uma luva na música do cantor e compositor carioca. Talvez por ele sempre ter feito uma música elaborada dentro dos inúmeras possibilidades do Samba, mas de andamento simples e sempre acompanhada de instrumentação básica, ou seja, cavaco, violão, tamborim, pandeiro, surdo e uma discreta seção de cordas.

São 15 músicas sábiamente escolhidas dentro do seu imenso repertório, cada uma melhor do que a outra, com vários destaques. São elas: a de abertura, TIMONEIRO, CORAÇÃO LEVIANO, PECADO CAPITAL, e a maravilhosa seqüência com duas músicas que adoro, TUDO SE TRANSFORMOU e SINAL FECHADO. TUDO SE TRANSFORMOU lembrou-me duma das mais belas cenas que já vi no cinema brasileiro: ANECY ROCHA (irmã do GLAUBER), cantando nua numa piscina esta bela música de PAULINHO. O filme a que me refiro é AMULETO DE OGUM , de NÉLSON PEREIRA DOS SANTOS . A qualidade continua em alta com maior destaque para a duas músicas que concluem o CD, NERVOS DE AÇO, do nosso LUPISCÍNIO RODRIGUES e EU CANTO SAMBA, além da inédita TALISMÃ. Esta uma parceria com MARISA MONTE e CARLINHOS BROWN. Não tem muito mais o que falar.

Se você, que por ventura me lê e gosta de música, pode comprar sem susto, ou ofertá-lo a uma pessoa querida, sempre será um belo presente. E , neste momento em que existe uma redescoberta do nosso SAMBA (falo sobre esses assunto em uma próxima postagem), um novo disco de PAULINHO DA VIOLA, deve ser saudado e escutado com o máximo entusiasmo. Afinal, nessa área, ele sempre foi "o cara"!

TROPICÁLIA - UMA REVOLUÇÃO NA CULTURA BRASILEIRA

Na sequência de minha postagem anterior, que versava sobre "objetos do desejo", falei no livro TROPICÁLIA, UMA REVOLUÇÃO NA CULTURA BRASILEIRA, que faz parte de um projeto maior, uma exposição internacional, que foi montada pelo Museu de Artes Contemporâneas de Chicago, com a curadoria de Carlos Bassualdo. Na verdade, este livro é o catálogo da exposição e envolve, entre 1967 e 1972, artes plásticas, música, cinema, arquitetura, teatro, design gráfico e moda. Contando com o patrocínio da Petrobrás e editado pela Cosac Naify, transcrevo a seguir a razão de este ser um dos meus "objetos do desejo":

"Com uma seleção de textos históricos, imagens e ensaios de reflexão sobre o período, traz contribuições de especialistas nas diversas áreas da cultura brasileira, produzidas especialmente para o volume. Entre outros, podem ser lidos ensaios de Ivana Bentes, Celso Favaretto, Flora Süssekind, Christopher Dunn e Hermano Vianna, além do texto introdutório do curador Carlos Basualdo. A seleção de textos históricos compreende desde textos e manifestos que, embora escritos anteriormente ao período compreendido, compartilham com o Tropicalismo o espírito crítico em relação à cultura brasileira, como o "Manifesto antropofágico", de Oswald de Andrade, "Vivência do Morro do Quieto", de Hélio Oiticica, e "Cultura e não cultura", de Lina Bo Bardi, até a seção que foi chamada, no livro, "Vozes da Tropicália", com os textos fundadores ou mais diretamente ligados ao movimento, como "O Rei da Vela: Manifesto do Oficina", de José Celso Martinez Corrêa, "A cruzada tropicalista", de Nelson Motta e "Tropicália", de Hélio Oiticica, entre outros. A última parte desta seleção traz textos que interpretam ou fazem um balanço do tropicalismo, alguns mais aderentes, outros mais críticos, porém que ainda guardam o calor do momento, como é o caso de "A explosão de Alegria, alegria", de Augusto de Campos, "Tropicalismo, antropologia, mito, ideograma", de Glauber Rocha, "Cultura e política", de Roberto Schwartz e "Que pensa você do teatro brasileiro", de Augusto Boal. A obra inclui uma cronologia do movimento, estabelecida por Basualdo."

É ou não é um "prato cheio", para quem está interessado em conhecer um pouco mais a respeito deste importante movimento que tanto influenciou a Cultura brasileira de 1967 até hoje? No meu caso particular, colecionador de discos que fizeram parte deste momento histórico, então nem se fala. Mas, infelizmente, como inúmeras coisas "neste país", o preço de TROPICÁLIA, UMA REVOLUÇÃO BRASILEIRA é proibitivo, praticamente inacessível, apesar do patrocínio da Petrobrás. Mesmo assim, "não tá morto quem peleia", um dia, quem sabe, eu chego lá. Por enquanto, vou visitar um amigo fraterno que possui esse livro e acho que ele vai me deixar dar uma "voltinha" no seu exemplar. Depois eu conto. Tchau.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

SONHO DE CONSUMO

Pois é, todo mundo tem os seus, eu também tenho os meus. E, por incrível que pareça, são todos livros. Sem esnobismo, nem pretensão, no fim-de-semana estava refletindo sobre os meus desejos mais imediatos e para minha própria surpresa, como já disse, eram todos livros. V"ou citar apenas dois. Um, já estou quase comprando, e o outro, certamente o melhor, está além das minhas posses.

O que já está quase no papo é "1001 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE MORRER", de Robert Dimery, ex-editor da revista norte-americana ROLLING STONE. Em síntese, este livro é a apresentação de uma seleção que 90 jornalistas e críticos de música internacionalmente reconhecidos fizeram dos álbuns mais inesquecíveis de todos os tempos. Abrangendo desde as origens do rock'n'roll até nos anos 50 aos mais recentes sucessos. É um passeio pelo jazz, blues, punk, disco, música experimental, world musica e tantos outros estilos musicais, além do rocke do pop, é claro. "1001 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE MORRER" é ilustrado com mais de 900 imagens de álbuns, cantores e bandas. Certamente deve ser uma delícia visual. Depois de ler (e espiar) eu conto.

Em relação ao "meu objeto de desejo quase impossível de adquirir" , falo amanhã . Tchau

TOQUE

"Liberdade? Liberdade é a liberdade do outro. A liberdade do outro eleva a minha ao infinito!"

ROSA LUXEMBURGO

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

ALVIN LEE

Na sequência do comentário anterior, chegamos a ALVIN LEE, extraordinário guitarrista, nascido em Nottingham, Inglaterra, em 1944. Também ele um veterano, brilhou com a banda TEN YEARS AFTER, que liderou de 1969 até 1974. Seu ponto máximo de sucesso foi alcançado durante a lendária apresentação dele e seu grupo no FESTIVAL DE WOODSTOCK.

A partir de 1974, partiu para uma carreira solo, lançando inúmeros albúns, sempre repletos de belíssimos BLUES, sua principal fonte de inspiração, colhida nos velhos vinis de MUDDY WATERS e HOWLIN' WOLF, escutados sem parar durante a sua juventude na úmida e cinzenta terra natal. Mesmo assim nunca deixou de nos brindar com vários rocks, que serviram para demonstrar o quão era e ainda é, virtuoso e veloz, tocando sua Fender.

Agora, em 2007, ALVIN LEE está de volta. Com a sua velha fender na capa, repleta de símbolos e signos, podemos nos deliciar com SAGUITAR, lançado em setembro deste ano. Sem surpresas, mas, como sempre, brilhantemente executado, é um disco a ser sorvido aos poucos, com carinho e atenção. Não destaco nenhuma faixa. Todas tem o seu segredo, um toque sutil, um solo rasgado e acima de tudo uma gravação limpa, gostosa de escutar. Confira, você não vai se arrepender. Um disco para os antigos fãs e para quem quer se arriscar e sair do mainstream.

P.S. Recomendo também mais duas preciosidades, de ALVIN LEE: THE ANTHOLOGY, dois CDs lançados em 2001 e também PLATINUM, uma nova seleção do CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL.

JOHN FOGERTY & ALVIN LEE

Pois é, dois veteranos do bom e velho ROCK AND ROLL estão de volta. Estou me referindo a duas lendas da guitarra: JOHN FOGERTY e ALVIN LEE.


Brilhante guitarrista compositor, JOHN CAMERON FOGERTY, iniciou suas andanças pelo mundo da música lá em 1959. Portanto, já com bastante estrada e na companhia do seu irmão TOM FOGERTY, criou e liderou a banda CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL, emplacando seu primeiro sucesso SUZIE Q. em 1969. Por essas coisas da vida, algum tempo depois caiu fora e seguiu uma profícua carreira solo que venho acompanhando com prazer.


Agora em 2007, ele está de volta com um discaço, chamado REVIVAL, uma alusão a sua ex-banda, que escutei hoje bem cedo, pela manhã, em minha caminhada diária. Fiel as suas origens, REVIVAL é um disco repleto de rocks e baladas com aquela "pegada" básica, country, branquela, saborosa de escutar. Extremamente bem gravado, parece que voltamos aos anos 70. A voz de JOHN FOGERTY continua a mesma e sua guitarra ganhou un peso extra. Não deixe de conferir.


Na próxima postagem, ALVIN LEE.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

DIFICULDADE

Necessito uma "pequena ajuda dos meus amigos". É possível?

Estou encontrando dificuldade para manter uma linha em branco entre um parágrafo e outro.

Mesmo editando a postagem o problema persiste.

Alguém sabe como resolvo esse problema?

Desde já estou agradecido

UMA BIOGRAFIA

Os versos anteriores, naturalmente, remetem aos seguintes:


"Ora, até eu mesmo muitas vezes penso
como conheço pouco minha vida real; apenas algumas
sugestões, raras pistas
vagas e difusas, e
desvios que persigo, para meu próprio uso
a fim de localizá-los aqui."
Estes versos do poeta americano WALT WHITMAN, autor de FOLHAS DA RELVA que, segundo nos informa PAULO LEMINSKI, foi o primeiro BEATNIK e também o primeiro a fazer versos livres, dão início a um livro MONUMENTAL. Estou falando de KEROUAC, UMA BIOGRAFIA, de autoria de ANN CHARTERS.
Escrita em 1973, enquanto ele ainda estava vivo, esta biografia de JACK KEROUAC é a mais completa visão sobre a vida deste andarilho, deste vagabundo errante e genial. Um livro que pode ser lido como um romance, uma aventura, cuja revelação maior é a profunda solidão de um homem sensível e atormentado.
O boom da literatura beat aqui no Brasil aconteceu lá pela metade dos anos 80 do século passado. Como este livro foi lançado algum tempo depois, já sob o desprezo dos nossos literatos, sua repercussão não foi impactante, chegando a ser quase nula. Creio que não deve ter vendido muito, mas acho que com um pouco de paciência pode ser encontrado em algum sebo deste nosso imenso país. Vale a pena o investimento e, se você não leu nenhum livro de KEROUAC, a oferta até hoje é intensa . Para mim, que tenho alguns deles, o melhor é ON THE ROAD (PÉ NA ESTRADA), agora em nova edição atualizada, na tradução de EDUARDO BUENO, o Peninha.
Publico, a seguir, um pequeno trecho do capítulo 6 de KEROUAC, UMA BIOGRAFIA:
"Kerouac começou sua primeira viagem de costa a costa colocando uma ficha de metrô na fenda no I.R.T. da Seventh Avenue e seguindo até o fim da linha, na 242nd street, e pegando bondes ate os limites da cidade, em Yonkers, na margem leste do Hudson. Então, começou a pedir carona. Precisou pegar cinco caronas diferentes para cobrir os oitenta quilômetros até a Ponte de Bear Mountain, onde vai dar a Estrada 6, vinda da Nova Inglaterra - mas seus problemas aestavam apenas no início. Começou a chover forte enquanto ele estava debaixo de uma árvore, no cruzamento de trânsito, carros na estrada. Ele estava aborrecido porque horas já haviam decorrido naquele seu primeiro dia, e ele não avançara em direção ao oeste mais do que quando partira de Nova York, pela manhã.
Finalmente desistiu da Estrada 6 e aceitou uma carona para Newsburgh, onde podia pegar um ônibus de volta para Nova York. A única coisa inteligente a fazer era atravessar o Túnel Holland e dirigir-se para Pittsburgh, na rota dos caminhoneiros: "... não há trânsito na 6." Com soturna determinação, Jack tomou o ônibus de volta para a cidade Nova York com um bando de professoras barulhentas que retornavam de um fim-de-semana nas montanhas.
Estava tão desanimando que foi diretamente para o Terminal dos Greyhound, numa transversal de Times Square onde Cassady pegara seu ônibus para Denver. Jack tinha apenas cinqüenta dólares e não queria gastar tudo numa passagem para São Franscisco, mas fez um acordo de suas finanças com seus princípios. Comprou passagem para Chicago, simplesmente para sair de Nova York. A oeste de chicago, começou a pedir carona.
Tinha aprendido a não lutar com as complexidades do trânsito de uma grande cidade, de modo que tomou um ônibus para Joliet. Illinois, caminhou até as imediações da cidade e levantou o polegar. Mais de metade do seu dinheiro se fora, e para chegar ao Oeste, teria de pegar carona. Por razões sentimentais, colocara-se outra vez na Estrada 6. Em Illinois os caminhões rugiam pela estrada e ele não teve nenhum problema para parar um deles, em sua primeira carona. Vinte e quatro horas e seis caronas depois Kerouac estava em Des Moines, Iowa. Não tinha avançado tanto assim, mas cruzara o rio Mississipi e semtiu que, afinal, chegara a alguma parte."
Não foi fácil, mas ele conseguiu e escreveu sua obra baseado nas aventuras por que passou nas estradas do seu país. Criador da prosa espontânea, Jack Kerouac queria escrever da mesma maneira que Charlie Parker, o criador do Bebop, inventava um solo de sax. Essa foi a sua verdadeira e definitiva viagem. Como todos os músicos de JAZZ, essa viagem foi para dentro de si mesmo e, tenho certeza, ele chegou lá.
Até amanhã.

DÁ-LHE POETA MAIOR!!!!

Em relação a minha postagem anterior, tomo a liberdade de "chamar", como diria o cineasta Cacá Diegues, o nosso poeta maior.
Ele explica melhor o meu sentimento e, creio, de muitos:

"Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes , a vida presente".

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
É isso aí. Dá-lhe poeta maior.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

GOVERNO X JUDICIÁRIO

Apesar das dificuldades ou independente delas, Ieda Crusius não está fazendo um grande governo. Muito pelo contrário. Mesmo assim, nessa sua briga com o Judiciário, é impossível, para mim, não ficar do seu lado. A intransigência e a ganância demonstrada por esse poder é repulsiva e anacrônica.

Neste momento por que passa o País e em especial o nosso estado, o mínimo que se poderia esperar do Judiciário era solidariedade, compreensão e agilidade em suas prerrogativas constitucionais. Chega de pedidos de aumento e emendas visando seu próprio bem-estar. Chega de prédios públicos que mais parecem palácios, com suas colunas de mármore e sua burocracia seletiva.

Está certo que o Legislativo também não merece confiança, mas quando será aberta a caixa-preta deste outro poder, extremamente rico, poderoso e arrogante? A resposta pode estar soprando com o vento, como diria mr. Zimmerman, mas, mais cedo ou mais tarde, ela deve chegar.

Para concluir: como um ser humano, comum e honesto, escrevo com certa temeridade, mas este espaço que ocupo não deve ser desperdiçado. Muito pelo contrário. Um abraço e até amanhã.

ANTOLOGIA D'O PASQUIM & VINICIUS DE MORAES

Conheci O PASQUIM lá por volta de 1970/71, mas comecei a lê-lo (êpa) regularmente a partir de março de 1974. Portanto perdi a sua melhor fase que deve ter ter terminado antes dessa data. Mesmo assim o jornaleco, como era chamado pela "patota" (essa gíria vai pegar), serviu como fonte de informação e de resistência aos desmandos da ditadura para muita gente, inclusive para um pôrra-louca (êpa, de novo) como eu era.

Há algum tempo atrás ganhei de presente de um grande amigo, a ANTOLOGIA D'O PASQUIM, volume 1, que abrange o período entre os anos de 1969 e 1971. Uma maravilha e que me trouxe algumas grandes surpresas, todas elas positivas. A começar pelos PERFIS DO PASQUIM, belíssimas crônicas escritas por VINICIUS DE MORAES. Nem lembrava mais que o "poetinha" havia colaborado com o jornal de maneira tão constante. Como esse livro está sempre presente na cabeceira da minha cama, eventualmente releio algumas delas com o máximo prazer. Duas dessas crônicas são espetaculares. Uma em homenagem a CIRO MONTEIRO ( "...você, sobrinho de Nonô", como diz a letra de SAMBA DA BENÇÃO), um amigo querido de VINICIUS e a outra um lamento bem humorado pelo falecimento de outro grande parceiro de noitadas: ANTÔNIO MARIA.

VINICIUS e seus amigos viveram uma vida fantástica e altamente produtiva. Desde os melhores ambientes europeus até um boteco numa travessa do Rio de Janeiro. Sem susto e sem preconceito. Publico a seguir dois trechos de cada uma para vocês sentirem a qualidade do que elas denotam e conotam.

A primeira fala sobre sua relação com ANTÔNIO MARIA: "Nós amávamos as moças, meu Maria, e as moças nos amavam. Era lindo. depois pegamos meu carro e fomos de batida até Cannes, para cobrir o Festival de Cinema. Festival? O nosso começava às 11 da noite, quando íamos relisiosamente traçar um poulet grillé maravilhoso, a criança se desmanchando toda. Depois, o Festival terminou, nós esticamos por nossa conta, Cannes vazia: que nos importava? Ficamos permanentes de uma boate de lésbicas, você caindo de dólares, muito champagne, papo-furado.
Lésbicas? Não ficou uma só para contar a história. A moçada não aguentou o rolo compressor. Foi demais para elas. E de madrugada eram os caminhos floridos da Costa Azul, os perfumes estonteantes, a sueca Ingrid com 1,80 m: basta dizer que era a que ficava no topo da pirâmide no final do strip-tease. Ela tirava os sapatos e agachava-se toda para dançar comigo. Uma delicadeza de mulher."

A outra, relembro, era para CIRO MONTEIRO: "Uma manhã, há muitos anos, atravessada da noite anterior, Américo Marques da Costa e eu, com muita uca na cuca, sentimos terríveis saudades do Ciro e fomos bater em seu antigo "barraquinho", como ele amorosamente o chamava: um conjugado desse tamanhinho, que vivia de porta aberta para quem quisesse entrar e onde eu conheci algumas mulatas que realmente não eram deste planeta. Lu, sua mulher, que conheceu quando ambos trabalhavam num filme da Atlândida, Segura essa Mulher (Ciro só fez obedecer), deu-nos dois velhos calções de banho, dois pares de tamancos e lá fomos os três para os caixotes do Seu Domingos, onde a patota ia se revezando e os trabalhos eram intensíssimos. Era pleno verão, e só terminamos nossa sauna de cerveja para cair nos braços de um ensopadinho de abóbora, que Lu faz maravilhosamente, e logo a seguir nos de Morfeu. Roncamos e urinamos como pagãos, prova evidente de nossa felicidade e bem-estar, e do bom funcionamento de nossos rins. Porque não há nada que tenha melhores fluídos que a casa de Lu e Ciro. Onde quer que eles morem ou estejam, até em quarto de hotel, respira-se um ambiente de carinho e proteção. Ciro é, como eu, da linha de Xangô, e Lu, como minha mulher Gesse, é filha de Iansã. Não pode haver combinação mais divina."

Viram só? O Itamarati e a censura, devem ter enlouquecido com a genialidade e o desprendimento do nosso poeta. Da poesia clássica, passou pela crônica e terminou como letrista de música popular. Grande poeta e capitão do mato VINICIUS DE MORAES.
Quem quiser descobrir essas belezas escritas e publicadas em 1970 (e muito mais) basta procurar nas boas lojas do ramo ou nos sebos de sua cidade: ANTOLOGIA DO PASQUIM, VOLUME 1, 1969 - 1971. Sem esquecer que já está no prelo o Volume 2.

P.S. Os "epas" e "essa gíria vai pegar", são expressões puramente pasquinianas.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

2 TOQUES

" Viajar é também uma forma de solidão."
NELSON RODRIGUES
"Assino embaixo."
JACK KEROUAC

DEFINITIVAMENTE ESTOU DE VOLTA

Pois é, por essas coisas da vida, andei deixando um pouco de lado o meu blog. Não que isso tenha chamado a atenção de muita gente, he, he, he.
Portanto, estou de volta, mais por teimosia do que por qualquer outra coisa.
E, já começo pegando pesado: TROPA DE ELITE, o filme do momento. Eu ainda não vi. Alguém já viu? Por princípios me recuso a ver um filme dessa importância, que tem causado tanta polêmica, em cópia pirata. Só vou assistir numa bela poltrona de cinema. Mesmo sem ver, desde já adianto que deve ser um belo filme, metendo o dedo na ferida, questionando o cinismo e a prepotência de autoridades, polícia, traficantes, consumidores de drogas e da sociedade em geral. Será que é isso?
Fascista, certamente o filme não é, nem acho que faça uma apologia da violência como o cinema americano faz em suas superproduções. A respeito de TROPA DE ELITE gostei muito de um comentário de Augusto Boal e de um recado do André Sena. A conclusão dos dois, e eu confio neles, é de que o filme mexe com valores estabelecidos como nunca antes se viu n cinema brasileiro.
Repito, eu ainda não vi, mas e você, que está lendo estas mal traçadas, viu? Gostou? Odiou?
Mande sua opinião, seu comentário, que eu publico aqui no blog, OK?