terça-feira, 27 de dezembro de 2011

OUTRO TOQUE

"O poeta moderno não fala a linguagem da sociedade nem comunga com os valores da atual civilização.
A poesia do nosso tempo não pode escapar da solidão e da rebelião, a não ser através de uma mudança da sociedade e do próprio homem."

Octavio Paz, poeta mexicano in "O ARCO E A LIRA".

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

TOQUE

"O trabalho do poeta é dar nome ao inominável, apontar fraudes, escolher lados,iniciar discussões, moldar o mundo e impedi-lo de dormir."

Baal, o poeta, em Os Versos Satânicos, de Salman Rushdie

domingo, 18 de dezembro de 2011

GERAÇÃO CLUBINHO - 40 ANOS

“A vida não é o que se viveu, mas o que se lembra, e como isso é lembrado para ser contado.”

Gabriel Garcia Márquez

A criação do Clubinho, um grupo de jovens que se reuniam para dançar nas tardes de domingo entre abril e novembro de 1971, foi uma maneira inconsciente e ingênua de celebrar as mudanças de comportamento que ocorreram a partir de meados dos anos 60 do século passado. Santa Vitória oferecia muito pouco (jogatina,” bocas”, futebol). Os ventos que varreram Paris em 1968 chegaram aqui como um sopro, um sopro de liberdade. Ironicamente através da BR471, uma obra do regime militar.
A idade média desse grupo deveria ser de 15 anos. Naquela época quase crianças. O Clubinho foi um rito de passagem, da infância para a adolescência, com todas as virtudes e perigos que isso poderia acarretar. Não esqueçam, vivíamos em uma cidade que ficava longe de tudo, longe do mundo. Antes mesmo de beber a primeira cerveja já era taxado de drogado. Antes mesmo de dar o primeiro beijo era chamado de “bicha”. Os cabelos compridos incomodavam. Namorar era algo natural e necessário. Éramos jovens, alegres, sorridentes. Mesmo assim, mais cedo ou mais tarde alguns iriam morder o fruto proibido. Eu entre eles. O Clubinho acabou por isso mesmo.
Foi algo imperdoável para uma sociedade que recebia com desconfiança os ares de renovação que ocorriam no planeta inteiro. Como disse, era um rito de passagem. Foi nesse ano que tive o primeiro contato com o semanário “O Pasquim”, que mudou minha cabeça radicalmente e, também um jornal, de música, chamado Rolling Stone. Os dois editados no Rio de Janeiro. Isso me transformou. Eu queria ser igual a eles, que gostavam de Jimi Hendrix, mas não abriam mão de ter entre seus discos o último LP do Paulinho da Viola ou do Chico Buarque.
Recentemente comemoramos o reencontro daquele pessoal que dançava nas tardes de domingo. Foi uma festa memorável. As pessoas estavam felizes. Muitos não se viam desde aqueles tempos. É importante não deixar de lembrar que grandes amigos ficaram pela metade deste longo caminho, mas qual geração não passou por isso? Não deixou de ser também uma bandeira branca de Paz oferecida às diferenças do passado, pois várias gerações se fizeram presente no Clube Comercial, como que a dizer: seguimos em frente, desta vez, todos juntos.
Há alguns anos atrás participei de um debate com a jornalista Ana Maria Bahiana sobre o livro “Almanaque dos Anos 70” onde ela fez o seguinte desafio:” quem viveu intensamente os anos 70 está condenado a não se lembrar deles. Pelo menos não intensamente... “ Pois bem, agora aceitei a provocação e o resultado foi lido na noite do dia 26 de novembro de 2011.

Vamos lembrar:
Guerra do Vietnã, Ditadura, Lei de Segurança Nacional, AI-5, Repressão, Censura, Protesto, Transamazônica, Era de Aquarius, Festival de Woodstock, Easy Rider, Jimi Hendrix, Janis Joplin, peça Hair, Hippies, Hare Krishna, Jesus Cristo Superstar, Jovem Guarda, Rock, MPB, Roberto Carlos, Detalhes, Debaixo dos Caracóis do seus Cabelos, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Alegria, Alegria, Os Incríveis, The Fevers, Vem me Ajudar, Badabadabada, Ave Maria do Morro, Impossível acreditar que perdi você, Eu quero é botar meu bloco na rua, Último Tango em Paris, Love Story, Beatles, Rolling Stones, John Lennon, O Sonho Acabou, coitado de quem não sonhou, LP, Minicassete, Gradiente, Polivox, Leila Diniz, O Pasquim, Revista POP, só tem amor quem tem amor prá dar, barra limpa, barra pesada, boco moco, estou na Fossa, na minha, na sua, prá frentex, unissex, ele é um pão, gamado, zebra, cuca, careta, curtição, grilo, bicho, é isso aí bicho, podes crer, Macrobiótica, Misticismo, Guru, Dieta, Amar É..., Fliperama, Eram os Deuses Astronautas?, O Despertar do Mágicos, Cem anos de Solidão, Carlos Castañeda, Loteria Esportiva, Sandálias Havaianas, Poster na parede do quarto, Conga, Bamba, Ki-Chute, sandália de sola de pneu, bolsa capanga, japona do Chuí, Patchuli, incenso, Zen, Pelé, Seleção do Tri, Fio Maravilha, Pindorama, Terror Show, Azteca, Fragata, cabeludos, cabelos compridos, Paz & Amor, Amor & Flor, O dedo em “V”, mini-saia, calça boca-de-sino, bata indiana, camisa cacharel, mini-blusa, Blue Jeans, calça Lee, tanga, tanga de crochê, Ginásio, Banda do Ginásio, Baile no Ginásio, Festival da Dona Helena, Penhas no CTG, Baile do 31, Festa de 15 anos, 1ª sessão do Cinema, flertar, pegar da mão, namorar, Reunião Dançante, Bar Tabajara, O Peixeiro, Assobio, The Fingers Sound, Clube Caixeiral, Clube Comercial, CLUBINHO, 40 ANOS, NUNCA FOMOS TÃO FELIZES...
*Paulo Potiguara

P. S. aos incautos e ressentidos: NÃO foi o Nilmar, mas essa, como diria o Charles Gavin, é outra história! Tchau.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Christopher Hitchens, Joãozinho Trinta & Sérgio Brito

DISPAROS DAS BARRICADAS DO HERMENEGILDO:
Estou lendo o livro HICTH 22 de CHRISTOPHER HITCHENS. A pouco mais de 10 minutos fiquei sabendo de seu falecimento. HICTH era um jornalista e ativista político que não tinha medo de polemizar. Socialista ligado a esquerda do partido trabalhista inglês, já morando nos EUA, após os atentados de 11 de setembro não se furtou de apoiar a invasão do Iraque, o que causou atritos com setores da esquerda internacional. Anticlerical convicto era autor de, entre outros, DEUS NÃO É GRANDE, um ataque a religiosos de todos os matizes, dizendo que a religião é estimuladora da violência.
Hoje está sendo um dia triste para mim. Perco um escritor que estou descobrindo através de sua autobiografia e que pelo estilo e coragem me levará a conhecer sua obra. E também pela perda de dois ícones de Cultura brasileira: JOÃOZINHO TRINTA, o genial carnavalesco que mostrou as elites brasileiras toda a criatividade de seu povo e SÉRGIO BRITO, um ator e diretor teatral que equiparou o nosso Teatro ao dos maiores do mundo. Ainda tenho nos meus arquivos um longa entrevista deste ator sobre os papéis que interpretou durante sua longa carreira e sobre a serenidade e altives com que assume sua homosexualidade. Uma lição de maturidade e sapiência

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Olhaí, ativando o blog, de novo.

Faz quase um ano que deixei de postar. O último comentário foi uma saudação a nova presidente. Quem iria imaginar que Dilma terminaria esses primeiros 365 dias de governo com tantos ministros envolvidos em corrupção.

Bem, minha idéia é postar alguns textos em que uso a expressão "DISPAROS DAS BARRICADAS DO HERMENEGILDO" em assuntos que acho que devo meter o bedelho. Os primeiros serão repetições de alguns que estão no Facebook. Confiram aí.

Na sequência um texto inédito sobre a reunião de comemoração dos 40 ANOS DA GERAÇÃO CLUBINHO.

Quem viver, lerá.