quarta-feira, 20 de junho de 2007

"Cinco Melhores Discos Ao Vivo" - O 5.º lugar

Ufa, finalmente chegamos ao fim e, conforme disse na penúltima postagem, não foi fácil realizar essa escolha. Mas, mais pela sua importância histórica e, também, pelas circunstancias em que tive acesso a esse disco, resolvi escolher para o 5.º lugar o álbum triplo (vinil) : WOODSTOCK - Music From The Original Soundtrack And More. Um clássico, curtido, amado, perdido e sempre presente na minha adolescência. Vamos aos fatos. Contava lá eu os meus 15 anos, com os cabelos compridos, deixados crescer há pouco tempo, com um grupo de amigos e amigas que se reuniam todos os domingos, pela tarde, para dançar. Era a turma do CLUBINHO, espaço cedido pela diretoria de um clube popular. De certa maneura aquilo foi um choque para a sociedade local. Imaginem uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, lá no fim, quase no Uruguai, no ano de 1971, em plena ditadura e aquele grupo de jovens, rindo, se divertindo, namorando. Com o passar do tempo, a nossa ingenuidade foi dando lugar a outras coisas e as pessoas foram seguindo seu caminho, até ficarmos poucos e, de minha parte, comecei a perceber que o mundo havia mudado, radicalmente. Essa é uma longa história que fica para outra vez. Vamos voltar ao motivo desta postagem.

Já havíamos assistido ao filme no cinema da cidade. Éramos meia dúzia, talvez um pouco mais. Quando as luzes se apagaram e a tela passou a transmitir as primeiras imagens ficamos fascinados. Extasiados. Havia mais alguém no mundo que gostava de ser jovem, que saudava os outros com o dedo em V, que amava a natureza sem ser dono dela, que queria viver da maneira que achasse melhor, com prazer e sem culpa. Na sequência, lá pelo final de 1971, estava caminhando pela rua quando, um outro jovem, dois ou três anos mais velho, passa por mim e me estende um disco pronunciando as seguintes palavras: - "Toma, tu deves gostar disso mais do que eu". Era, adivinhe? WOODSTOCK, estalando de novo, quase que intocado. Não sei por que ganhei esse presente, talvez pelo hábito de sempre andar com um gravador no ombro tocando as músicas da época. Mas o certo é que já podia escutar o SANTANA, o THE WHO, JOE COCKER, TEN YEARS AFTER, JIMI HENDRIX e tantos outros na minha vitrolinha de casa. O mundo definitivamente havia mudado e eu, pela primeira vez, passei a me sentir dentro dele e isso era muito bom. Não é necessário dizer mais nada. Agora, "para nosotros que já no somos los mismos", resta apenas ligar a tecla play e escutar todo o CD de WOODSTOCK alto, bem alto.

2 comentários:

Angela disse...

Eu me lembro que logo que a minha família comprou o primeiro video cassete, eu costumava pegar o filme do Woodstock na locadora (lá por 1990, 1991), milhares de vezes, e ficava puta da cara porque muita coisa ficou de fora do VHS. Numa dessas vezes meu pai passou pela sala e comentou: "Porra, fico chapado só de olhar".

Isso ficou na minha memória.
:))
Forte abraço, chefe!

Unknown disse...

Perfeito, parabéns! Saudade daqueles tempos. Apesar de eu ter participado mais da fase do Clubinho é muito bom relembrar os acontecimentos daquela época. Um abraço!