Uma das coisas boas de ter voltado a morar em POA é a possibilidade de conhecer muitas pessoas interessantes. Uma delas foi Adauto Novaes. Por trás da postura Zen, calma, tranquila, pulsa um intelectual inquieto e criativo. Curador de uma trilogia de conferências intitulada "Cultura e Pensamento Em tempos de Incerteza", fomos apresentados por Nicéa Brasil, durante o ciclo "O Silêncio dos Intelectuais", evento que só aconteceu em Porto Alegre graças a clarividência da minha amiga, a época diretora do Centro Cultural CEEE-Erico Verissimo. Adauto foi o coordenador de uma pesquisa publicada no final de 1979, chamada ANOS 70, que resultou como um dos mais interessantes panoramas sobre a produção cultural nas áreas de cinema, literatura, música, teatro e televisão, sob as pressões de censura e auto censura de um dos períodos mais violentos do governo militar pós-1964, conforme relatam os editores.
Publicada originalmente em cinco volumes, agora em 2005, os ensaios foram reunidos em um único livro chamado ANOS 70, AINDA SOB A TEMPESTADE e, mais livremente, os autores dos textos foram convidados a comentarem, 25 anos depois, seus originais. O resultado é impressionante, porque, além do declínio da ditadura, podemos ler o começo da mais radical das transições culturais do país, dois movimentos - fim da ditadura e transição cultural - que devem ser pensados na sua particularidade, muito bem enfatizado por Adauto Novaes. O tempo permitiu aos autores dois olhares, muitas vezes contraditórios. Vale a pena ler.
No livro estão, entre outros, José Miguel Wisnik, Ana Maria Bahiana, Heloísa Buarque de Holanda e Jean Claude Bernardet.
sábado, 2 de junho de 2007
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