AMAR EM APARELHOS
Era uma coisa louca
trepar naquele quarto
com a cama. suspensa
por quatro latas
com o fino lençol
todo ele impresso
pelo valor de teu corpo
e a tinta do mimeógrafo.
Era uma loucura
se- despedir da coberta
ainda escuro
fazer o café
e a descoberta
de te amar
apesar dos pernilongos
e a consciência
de que a mentira
tem pernas curtas.
Não era fácil
fazer o amor
entre tantas metralhadoras
panfletos, bombas
apreensões fatais
e os cinzeiros abarrotados
eternamente com o teu Continental,
preferência nacional.
Era tão irracional
gemer de prazer
nas vésperas de nossos crimes
contra a segurança nacional
era duro rimar orgasmo
com guerrilha
e esperar um tiro
na próxima esquina.
Era difícil
jurar amor eterno
estando com a cabeça
à prêmio
pois a vida podia terminar
antes do amor.
Aí está um pouco mais da poesia de ALEX POLARI. Sofrida, ingênua, às vezes, mas profundamente honesta e lírica, apesar dos grilhões.
Agora são exatamente 8 minutos do dia 05/10/2008.
Hora de dormir para acordar e votar. Exercer um direito que tentaram nos negar por muito tempo...Até amanhã!
Fonte: Arquivo pessoal, Caderno B (Jornal do Brasil), Blog do Noblat, Blog do Antonio Miranda.
sábado, 4 de outubro de 2008
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