sábado, 15 de dezembro de 2007

OSCAR NIEMEYER - 100 ANOS

"O homem deve ter prazer em ajudar o outro."

Oscar Niemeyer, brasileiro e arquiteto.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

CHAVEZ & CALHEIROS

Tudo bem, o texto anterior foi péssimo e eu certamente deveria estar postando alguma coisa mais interessante, mas é impossível não deixar de falar na votação ocorrida na Venezuela no domingo passado. HUGO CHAVEZ tentou instituir uma ditadura com o voto do povo de seu país e levou uma rasteira. Seu sonho de se perpetuar no poder foi por água abaixo. Ainda bem. Bom para a Venezuela e bom para o BRASIL. O pessoal que estava começando a se assanhar com um terceiro mandato para Lula, vai ter de colocar as barbas de môlho... O crescimento e a justiça social só podem acontecer sob o signo da liberdade e da alternância no poder.

Por falar em BRASIL, o mau-cheiro ficou insuportável no Senado depois da absolvição de Renan Calheiros (PMDB/AL), que já havia renunciado a presidência da casa parlamentar. E piorou ainda mais quando o presidente da Comissão de Ética(?), outro senador do PMDB, resolveu arquivar o quarto e o quinto processo por quebra de decoro parlamentar contra Calheiros. Ontem, conforme podemos ver no Jornal Nacional, o primeiro a cumprimentá-lo foi José Sarney que, como grande aliado do governo, provavelmente será o novo presidente, em substituição ao demissionário. Não estou entendendo mais nada, mas será que alguém entende?

Agora chega. Na sequência volto a comentar coisas mais prazerosas, tais como música e cinema.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

TUDO AO MESMO TEMPO AGORA.

Muito bem, para quem já estava começando a sentir saudade, estou de volta e, nesse meio tempo muita coisa aconteceu. Por exemplo, finalmente assisti a TROPA DE ELITE e saí do cinema meio que me sentindo culpado, com o peito apertado. Acredito que aconteceu com quase todo mundo. A mensagem do filme é deixar bem claro que ninguém é inocente.

Gostei de TROPA DE ELITE. Muito bem realizado, com um roteiro, o que é muito importante, bem escrito, deixando tudo bem amarrado e a platéia sem fôlego. A direção de atores muito segura, perfeita. WAGNER MOURA realmente têm talento. Certamente ainda vai crescer como ator e, em relação as questões provocadas pelo filme, além do dedo na moleira da classe média, da corrupção policial, ficam evidentes a falência do Estado nas suas mínimas obrigações gerando desordem e desesperança. As filmagens aconteceram, em sua maior parte, nos morros controlados pelas mílícias, que também estão a margem da lei.

Em contrapartida, para amenizar um pouco o pessimismo que TROPA DE ELITE deixou na minha mente e, principalmente, no meu coração, voltei a ver AMARCORD. Um FELLINI na ponta dos cascos, genial. Isso sem contar a trilha sonora de NINO ROTA que, como o próprio diretor afirmava, era o seu melhor colaborador. No filme estão retratados os tipos e situações que fizeram a adolescência do cineasta italiano, desde os professores, amigos, familiares e autoridades até pessoas comuns da cidade e do campo que povoaram suas lembranças. AMARCORD é o filme em que até hoje eu mais me identifico, com suas particularidades que tocam de maneira positiva as pessoas que tem a felicidade de assistirem a essa obra magistral.

Mas, voltando a dura realidade, não posso deixar de comentar o suplício por que passou aquela menina que foi encarcerada com um bando de presos numa delegacia do Pará. O pior, o que está se tornando uma prática "nestepaís" é a total omissão das autoridades responsáveis. A bestialidade continuará dando as cartas enquanto os que estiveram envolvidos com tal crime, direta e indiretamente, não sofrerem as devidas punições. Todo mundo tira o corpo fora. Ninguém teve nada a ver com o ocorrido, portanto só resta derrubar os espaços físicos onde ocorreram os fatos. Foi assim no Pará, terra de Jáder Barbalho e na Bahia, onde o estádio de futebol também vai ser demolido. E, para variar, após a retirada dos escombros, tudo será esquecido. Cabe a nós não deixar isso acontecer e para tal contamos com uma grande aliada, a INTERNET. Vamos à luta!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

TV PÚBLICA: ARGH!!!!!!

E a "LULA NEWS", hein? Mais um delírio bancado com o dinheiro público, tipo o "AEROLULA".
Tenho plena convicção que a criação de uma TV pública neste momento apenas servirá para fazer propaganda e defesa dos interesses contrariados do principal partido que esta no poder em nível federal. Ou será que estou errado?

Hoje, no Brasil, a verdadeira oposição está restrita a uma pequena parcela da IMPRENSA, dita "MÍDIA GOLPISTA" ou "DE DIREITA", mas que têm incomodado muito os mandatários atuais. Sem ela não teríamos as denúncias do "MENSALÃO", por exemplo. Sem ela não saberíamos da existência de DELÚBIO SOARES, SÍLVIO PEREIRA ou MARCOS VALÉRIO. Sem ela também não saberíamos que " o hoje aliado do governo, JOSÉ SARNEY, foi chamado de "GRANDE LADRÃO DO PLANALTO" por LULA ao protestar contra a fixação de uma idade mínima para a aposentadoria em 53 anos? Ao chegar à Presidência, LULA propôs o aumento da idade mínima para 65 anos e ficou contrariado quando o Congresso a reduziu para 60 anos". Conforme nos informa o jornalista e analista político RUY FABIANO, em seu admirável artigo "O PT E A LEI DO RETORNO".

É óbvio que, dentro dos limites impostos pela leis do "politicamente correto", a "LULA NEWS" eventualmente apresentará programas centrados em algum grupo folclórico, ou músicos, do Norte ou Nordeste, talvez até do Sul, mas o seu objetivo maior, não tenham dúvida, é ser um contraponto político, lembro mais uma vez, com dinheiro público, a Rede Globo e a revista Veja. Não devemos esquecer que o jornalista e principal responsável pela nova TV é FRANKLIN MARTINS, demitido da Globo na época do "MENSALÃO".

Mas, perguntarão possíveis leitores do blog, o que tu tens a ver com isso? Ora, foi só olhar o conselho "fiscal" da TV PÚBLICA e qualquer dúvida foi esclarecida. Com o final da ditadura, vi, como milhares também viram, um novo país nascendo no horizonte. As possibilidades eram muitas, os sonhos estavam prestes a ser realizados. Infelizmente não aconteceu assim. Um pouco pelo destino, um pouco por nossa inconpetência, mas o BRASIL que tanto queríamos não veio. Ficou para trás. Restou essa herança que está aí.

Naquele país idealizado, os responsáveis por tanto mal, seriam julgados e poderiam ser inocentados, até, mas isso não aconteceu. O bolo não cresceu e não foi dividido, talves nunca seja. Mesmo assim, hoje eles estão aí. Da ARENA para o PDS, PP, PMDB e para o conselho fiscal da "LULA NEWS". Junto com o BONI, LUIZ GONZAGA BELLUZZO, MV BILL e o MINISTRO DA CULTURA, GILBERTO GIL, que um dia escreveu uma bela canção com estes versos: "O sonho acabou, quem nunca dormiu num slepping bag, nem sequer sonhou". Cai fora daí, Gil, enquanto é tempo. Isso não é SONHO e muito menosPESADELO. É a REALIDADE.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

UMA PALHINHA...

Em relação a postagem dos DIÁRIOS DE ANDY WARHOL, publico um pequeno trecho para quem ler saber o quanto é interessante a leitura desse livro:

QUARTA-FEIRA, 19 DE ABRIL DE 1978

"...E DIANE VON FURSTENBERG estava lá, ela mora no edifício de ELEANOR LAMBERT, e aí convidou BOB e a mim para jantar no apartamento dela e assistir a HOLOCAUSTO. Então nós descemos e a mãe de DIANE estava lá e MARINA CICOGNA. A mãe de DIANE esteve em AUSCHWITZ e quando apareceram os campos de concentração ela dava risadas - disse que eles fizeram ficar muito mais glamuroso do que quando ela esteve lá, que todas as mulheres tinham a cabeça raspada e que era muito mais cheio, que onde no filme havia 20 pessoas, na realidade tinham 300.000 mil. E foi estranho ver isso com MARINA CICOGNA cuja família esteve tão envolvida com MUSSOLINI. Antes de terminar, DIANE estava pronta para sair, e telefonou para chamar uma limousine."

E aí? Fascinante, não?! Tirem as suas próprias conclusões.

P.S. Fui eu que negritei as palavras HOLOCAUSTO e LIMOUSINE.

ANDY WARHOL, DIÁRIOS

Com alguns anos (muitos) de atraso estou lendo os DIÁRIOS DE ANDY WARHOL, edição de PAT HACKETT, publicado pela L&PM. Todos conhecem a importância desse artista plástico no cenário da POP ART. Alguns dizem que ele foi o inventor desse movimento dentro da arte moderna. Sua importância também pode ser avaliada pela criação do grupo VELVET UNDERGROUND e ainda pelas suas experiências com atividades cinematográficas de vanguarda. Tudo isso lá nos anos 60.

Bem, seu diário abrange um outro período, cobrindo desde o final de 1976 até o início de 1987. É um livro prazeroso de se ler. Não tanto pelo festival de futilidades ali apresentado, mas pelo painel traçado pelos ricos e famosos que frequentavam uma interminável seqüência de festas, boates, shows e viagens. Podemos conhecer a intimidade e o pensamento do próprio WARHOL, de seus amigos e conhecidos como MARTIN SCORCESE, PELÉ, ROBERT DE NIRO, MICK JAGGER, BIANCA JAGGER, JACKIE O. , LIZ TAYLOR e tantos outros. Na verdade uma infinidade de pessoas que iam de um lado a outro, ou seja, das boates tipo REGINE'S (já decadente) para o ESTÚDIO 54, passando por restaurantes, bares, que uniam todo o tipo de pessoas.

Ainda não avancei muito na leitura, mas já é possível ver o relacionamento desse pessoal tanto com o governo NIXON (HENRY KISSINGER é bastante citado no livro) que havia caído de podre alguns (poucos) anos antes, como com o governo de JIMMY CARTER. Típico. Parece um certo país que eu conheço. Cabe salientar que sou um admirador do presidente democrata. E, o mais interessante, é a presença constante de membros da família real do IRÃ, em vernissages e nas festas e boates que citei anteriormente. Desde a imperatriz, esposa do XÁ REZA PALEVI, filhos, diplomatas e agregados, comprando obras de WARHOL e outros artistas do cenário novaiorquino. A REVOLUÇÃO ISLÂMICA deve ter acontecido também por causa disso, uma OCIDENTALIZAÇÃO forçada de um país com uma tradição milenar totalmente oposta a esses valores mundanos. Acredito que essa relação possibilitou que o pintor conhecesse não só os países da EUROPA, receptíveis a sua arte, mas também vários países do ORIENTE, como a ARÁBIA SAUDITA.

Admiro e respeito ANDY WARHOL, seu trabalho é muito importante, afinal transformou a imagem de uma lata de sopa em ARTE, o que não é pouco. Suas capas dos discos dos ROLLING STONES são geniais e as imagens de MARILYN MONROE, PELÉ e tantas outras obras instigantes também o são mas, do que li, posso concluir que o artista era portador de uma personalidade tímida e insegura, com um sentimento de culpa muito grande por sua homossexualidade e o uso de drogas. Isso de maneira nenhuma o diminui, talvez essa dualidade é que o tenha feito criar e trabalhar tanto. ANDY WARHOL pode não ter sido um rebelde, nem um revolucionário mas foi, sem sombra de dúvida um homem que deixou sua marca para a posteridade.

TOQUE

"Quem é fraco se arrebenta,
quem é forte se agüenta, mas
quem ama se dá bem..."
Jorge Ben

domingo, 25 de novembro de 2007

ENCONTRO COM O SECRETÁRIO DA CULTURA

Aproveitand0 o embalo da inauguração do ESPAÇO CULTURAL LA PHOTO, acompanhando um amigo, fomos muito bem recebidos em uma audiência pelo Secretário Municipal de Cultura de, SERGIUS GONZAGA. Sensível aos argumentos desse amigo, o secretário abriu ótimas possibilidades de colaboração em um evento de grande porte que poderá acontecer aqui em Porto Alegre no ano que vêm.

Muito simpático, SERGIUS GONZAGA, ainda nos informou sobre as obras que, brevemente, passará o AUDITÓRIO ARAÚJO VIANA e o CENTRO MUNICIPAL DE CULTURA, principalmente o TEATRO RENASCENÇA. Obras estas já licitadas e prestes a acontecer. Não tenho por que duvidar das palavras do secretário, só nos resta esperar. Torço muito para que, dentro em breve, essas obras iniciem, pelo bem dos ARTISTAS e da CULTURA de PORTO ALEGRE. Quem viver verá!

ESPAÇO CULTURAL LA PHOTO

Desde junho estou envolvido, junto com mais 4 pessoas, na criação de uma nova galeria para divulgação de fotografias, pinturas, esculturas, livros e atividades afins. Pois bem, desde terça-feira está aberto o ESPAÇO CULTURAL LA PHOTO, aliás, abrindo em grande estilo, com a mostra OLHAR ESTRANGEIRO da arquiteta e artista plática LIANA TIMM.

Situado bem próximo ao BRIQUE DA REDENÇÃO, na TRAVESSA DA PAZ, n.º44, o ESPAÇO CULTURAL LA PHOTO tem tudo para dar certo. Além da ótima localização, entre as ruas JOSÉ BONIFÁCIO e a VENÂNCIO AIRES, bem próximo da AVENIDA JOÃO PESSOA, sua construção com um pé direito bem alto e seu espaço interno com 200 m2, permite exposições de grande porte, bem como seminários, palestras e cursos.

Na noite de inauguração, a surpresa dos convidados estava estampada no rosto de todos, pois não é comum um espaço desse porte, de iniciativa privada, ser aberto com tanta qualidade profissional e respeito, tanto pelo artista em foco como pelos visitantes. LIANA TIMM, que recentemente esteve em Nova York, ressaltou que este novo espaço não fica devendo nada para os da Big Apple. Portanto, se você gosta de ARTE, não deixe de conferiro ESPAÇO CULTURAL LA PHOTO, que fica aberto todos os dias da semana, das 10:00 às 18:00 e nos sábados e domingos das 11:00 às 15:00 hs, fechando suas portas apenas nas segundas-feiras.

A mostra OLHAR ESTRANGEIRO, de LIANA TIMM, é fruto de sua visão pessoal sobre NOVA YORK e ficará exposta até 10 de janeiro de 2008. Além disso você poderá adquirir o livro de LENIRA FLECK, VÂNIA FALCÃO e LIANA TIMM, que leva o mesmo nome da mostra. Da mesma forma, estarão acontecendo encontros com as autoras do livro nos dias 27 e 29 de novembro, sempre a partir das 19:30 horas no próprio ESPAÇO CULTURAL LA PHOTO. Chegue um pouco mais cedo nesses dias, visite a exposição e bata um papo com as autoras do livro. Estamos a sua espera.

domingo, 18 de novembro de 2007

FILHOS & GIBIS E ALGO MAIS

Manhã de domingo, chuvosa, bom para um bate-papo. Enquanto escuto BOB MARLEY (CACTH A FIRE) e "baixo" um box set do VELVET UNDERGROUND, conversamos com nossos filhos menores sobre GIBIS. Falo sobre o que lia e colecionava nos meus tempos de guri e a CARLA, por seu lado, se questiona aonde foi parar a sua coleção da DISNEY, guardada com tanto carinho na sua infãncia.

O entusiasmo dos meninos me levam a duas conclusões. Eles estão no bom caminho. Primeiro, porque guardam suas coleções com o maior carinho e, tenho certeza, isso os levará a gostar de ler, fundamental para acumular conhecimento. Com o passar dos anos trocarão, ao natural, os GIBIS por LIVROS, a mais importante criação do HOMEM. Esta segunda conclusão me leva a refletir sobre a minha mania, hobby, sei lá, de COLECIONAR.

Comecei, como já falei, com os GIBIS. Alguns ainda estão comigo. Depois passei, gradualmente, para os DISCOS DE VINIL, REVISTAS, JORNAIS e LIVROS, hoje acrescidos de CDs. Nunca fiz uma contagem, mas tenho muita coisa. Muitas raridades. Na minha opinião, verdadeiras maravilhas, fruto de persistência, cortesia de amigos e sorte. Atualmente tenho um cuidado especial em emprestar os LIVROS, pois já fiquei sem muitos deles. Numa próxima postagem falarei sobre algumas dessas raridades (pelo menos para mim). Por hoje vou ficando por aqui. Tchau.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Comentário de JESÚS MARIA DURÁN AULINAS

Publico, a seguir, o comentário do sr. JESÚS MARIA DURÁN AULINAS, relativo a postagem anterior:

"No señor Portiguera, no esta equivocado.

el ser honesto es algo que no implica, el tipo de ideas políticas de una persona, por raro que lo sea todavía quedan en el mundo personas honestas.

Donde si esta equivocado es en el tema del Sr Adolfo Suárez, en el momento del golpe de estado del Sr Tejero, ya habia, dimitido como Presidente del Gobierno de España.

El Sr Suárez nuca fue presidente del Parlamento Español

Le invito a visitar: ADOLFO SUÁREZhttp://adolfosuarezes.blogspot.com/

DONDE HE COLGADO SU ARTICULO CON UN ENLACE"

Agradeço a correção do sr. JESÚS MARIA, muito gentil e educado, lamentando saber que o estadista espanhol sofre do Mal de Alzheimer e, ao mesmo tempo, aplaudo a criação de um movimento que irá propor/sugerir o PRÊMIO NOBEL DA PAZ para ADOLFO SUAREZ GONZALEZ.

Para maiores informações: http://adolfosuarezes.blogspot.com/2007_09_16_archive.html

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

ADOLFO SUAREZ

Essa história do REI DA ESPANHA, JUAN CARLOS, me lembrou um acontecimento ocorrido durante a transição do regime franquista para a DEMOCRACIA. ADOLFO SUAREZ era um representante dos políticos que faziam parte do parlamento, ainda oriundo da ditadura de Francisco Franco. Era, se não me falha a memória, o presidente da Assembléia. Um coronel maluco da Guarda Nacional, Antonio Tejero Molina, acompanhado de um bando de soldados, tão malucos quanto ele, resolve invadir o parlamento espanhol e dar um golpe militar. Esse tipo de demência ainda (?) acontecia no mundo, não só em "nuestra" triste AMÉRICA.

Tejero Molina, de pistola na mão, após um tiroteio, manda todos os políticos ficarem de joelhos ou deitados. Todos obedecem suas ordens, menos um. Justamente ele, o presidente da Assembléia ( ou outro nome que tivesse), ADOLFO SUAREZ, um político conservador, que se mantém de pé. Pois bem, este gesto de quem menos se esperava, abortou o golpe e garantiu a FELIPE GONZALES e ao seu PARTIDO OPERÁRIO SOCIALISTA ESPANHOL (PSOE) o governo da ESPANHA, que se livrou de um ditador, saiu da Idade Média e hoje é uma das nações mais pujantes do mundo.

Concluindo, a defesa de JUAN CARLOS e do atual premier ZAPATERO ao seu adversário político JOSÉ MARIA AZNAR, teve um precedente no seu país de origem. Este é mais um exemplo que nos foi ofertado pelos espanhóis. Adversários não são inimigos e o combate deve ser sempre no campo das idéias e das realizações e que a alternância no poder é saudável e necessária para o bem-comum. Fica a lição.

Em tempo: Ser conservador, tanto na vida quanto na política, não significa ser desonesto. Ou será que estou errado?

CALA A BOCA

Mas que coisa, hein? Precisou vir um rei para mandar a besta do Chaves calar a boca.
Já não era sem tempo.
Prá piorar a "mijada" que levou veio com a estória que foi eleito 3 vezes. Hum... É sintomático. É o desejo latente, incontrolável, de ser ditador.
Hugo Chavez consegue ser mais nojento que George Bush, embora tenha muito menos mortes nas costas. Mas é sempre bom lembrar que há alguns anos atrás tentou um quartelada na Venezuela.
O pior de tudo é que essa "luminosidade" tem muitos amigos e admiradores aqui debaixo do Equador. Em todas as esferas e em todas as classes... O horror, o horror!!!!!

MONARCO: ESSE É "O CARA".

O PROJETO PIXINGUINHA está comemorando 30 anos. E passou por Porto Alegre praticamente em brancas nuvens. De repente, o pessoal da prefeitura estava muito envolvido com a FEIRA DO LIVRO e não pode dar a importância devida a este grande projeto de divulgação e integração da MPB. Mesmo assim, MONARCO e PAULO PADILHA mereciam uma divulgação e um palco a altura do seu trabalho. Quem viu, viu e quem não viu, perdeu um show de qualidade ímpar. Eu, a Carla e o Beco estávamos lá.

MONARCO representa a mais alta nobreza do samba carioca e PAULO PADILHA, uma grata surpresa, iniciou sua apresentação citando a genialidade de ADORINAN BARBOSA. E esta união foi o diferencial de qualidade do show que ambos fizeram: a tradição do RIO DE JANEIRO e a novidade no SAMBA, vinda de SÃO PAULO. O destaque no trabalho de PAULO são as letras, inventivas, concretas e satíricas. Mais SÃO PAULO, impossível. Para mim, as melhores foram SAMBA DESCOLADO, que abriu o show, BAGUNÇA, O COBRADOR e FOFOCA DE MARIA.

E MONARCO? Ah! MONARCO! Sorriso largo, vestido de camisa azul, calça branca, cores da sua PORTELA, com a malandragem de anos do melhor SAMBA, já pisa no palco com a platéia na mão. Seu show inicia com PORTELA NA AVENIDA, PASSADO DE GLÓRIA e QUITANDEIRO. Agora éramos nós que sorríamos, de alegria e satistação. Entremeando sua apresentação com histórias ligadas ao passado sua escola, MONARCO realiza um espetáculo enxuto e saboroso. Não faltou a homenagem a PAULINHO DA VIOLA, com a platéia, de pé, em peso, cantando FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA e o apoteótico final com VAI VADIAR.
Éramos cerca de 250 felizardos que, de graça, assistiram o velho e o novo, mandando ver. Fui dormir com um sorriso de felicidade. Para uma terça-feira, estava até demais.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

QUEM NÃO GOSTA DE SAMBA...

LUIS MELODIA foi privilegiado pela natureza. Sua voz é estupenda. Quente, com um timbre raro, serve para cantar qualquer tipo de música, principalmente o SAMBA. Seu primeiro disco é uma verdadeira maravilha. Não é a toa que se chama PÉROLA NEGRA. Nome da mesma música que fez sucesso na voz de GAL COSTA. Além disso é compositor de, no mínimo outra pérola, JUVENTUDE TRANSVIADA, do verso "... e o auxílio luxuoso de um pandeiro". Pois é, com tudo isso, o nosso querido MELÔ ainda estava devendo um disco de SAMBA. Todo ele, do início ao fim. Mas agora não está mais. Chegou ESTAÇÃO MELODIA.

Gravado com a simplicidade requerida, o cd está repleto de SAMBAS dos anos 30, 40 e 50, abrindo com um clássico de CARTOLA, "TIVE SIM", e segue por aí, homenageando ISMAEL SILVA, GERALDO PEREIRA e WILSON BATISTA. Carioca do morro de São Carlos, criado na favela do Estácio, LUIS MELODIA também resolveu homenagear seu pai, o sambista OSVALDO MELODIA, cantando duas músicas de sua autoria. Além disso incluiu outras duas do velho parceiro RENATO PIAU, um chorinho e um samba dos dois no mesmo clima do disco.

Dá gosto escutar o cd, e não me atrevo a destacar nenhuma música em particular, mas seguramente posso citar as clássicas "CHEGOU A BONITONA" e "CABRITADA MAL SUCEDIDA", de GERALDO PEREIRA, pelo resgate desse compositor tantas vezes esquecido. ESTAÇÃO MELODIA é um belo lançamento da gravadora BISCOITO FINO. É difícil de encontrar, mas vale a pena o esforço, você não vai se arrepender.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

POR FALAR EM MADRUGADA

"Quanto mais alta a madrugada, mais perto o alvorecer".

Dom Hélder Câmara

OUTRA DO VINÍCIUS

Essa quem contou foi o neto de PEDRO NAVA, mineiro, médico e memorialista, autor de BAÚ DE OSSOS. Pois, contava ele, que seu avô tinha o hábito de escrever suas memórias, noite à dentro, pela dificuldade de dormir, ou seja, sofria de insônia e também por não gostar de ser interrompido em seu 2º ofício.

PEDRO NAVA era solteiro e vivia acompanhado, há muitos anos, por uma senhora que cuidava da casa, uma espécie de faz tudo. Uma bela madrugada, lá pelas quatro da manhã, é interrompido em sua tarefa de escritor por essa governanta, com o seguinte argumento: "Olha, desculpe incomodar, mas tem uma velhinha lá embaixo, insistindo que precisa falar com o senhor".

Relutante, mas como médico e bom mineiro, desce as escadas e dá de cara com quem? Ele mesmo, VINÍCIUS DE MORAES! Com um violão debaixo do braço, num porre "de juntar guri na volta" e, ainda por cima, chorando! Justificativa do POETA: "PEDRINHO, que saudade. Há quanto tempo, meu querido? Estava em casa, sózinho, triste, me lembrei da tua insônia e resolvi vir tocar violão para você!"

VINÍCIO DE MORAL

Ontem fomos assistir a cantora MARIANA DE MORAES, neta do poeta. Bonita, extremamente tímida, competente como cantora, MARIANA fez um show repleto de sucessos com letras de VINICIUS, aliado a vários compositores, com destaque, é claro, para TOM JOBIM e BADEN POWELL.

MARIANA também leu poesias de PAULO NEVES (gaúcho?) e lembrou algumas histórias do seu famoso avô. O que me fez lembrar de uma que era contada pelo imortal SÉRGIO PORTO, criador do personagem STANISLAW PONTE PRETA e do FESTIVAL DE BESTEIRA QUE ASSOLA O PAÍS (FEBEAPÁ), com inúmeras bobagens ditas por políticos brasileiros. Hoje em dia o jornalista já teria uma enciclopédia.

Bem, mas vamos lá, SÉRGIO, em tom de deboche, dizia que VINICÍUS DE MORAES era mais de uma pessoa, pois se fosse uma só, seu nome deveria ser VINÍCIO DE MORAL. E dizia que essa certeza ele havia adquirido algum tempo antes. Pois, conforme lembrava, estavam os dois bebendo e conversando num bar da praia de IPANEMA e após tomarem algumas, resolveu despedir-se do poeta, justificando que deveria pernoitar em PETRÓPOLIS para, no dia seguinte, tratar de assuntos particulares. Subiu no carro e foi embora. Duas horas depois, chegando na cidade serrana, resolveu dar uma passadinha num bar para tomar mais um chopp. Lá dentro, meia dúzia de gatos pingados e sózinho numa mesa do fundo, com o braço levantado, em tom de saudação: VINÍCIUS DE MORAES.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O SAMBA DE RONALDINHO PARA CIMA DE DUNGA E RENAN

Antes de voltar ao SAMBA, vou terminar o assunto sobre o FUTEBOL, com o super-craque, RONALDINHO GAÚCHO.

Convalescendo de doença, ainda morando em SANTA VITÓRIA, foi necessário vir várias vezes para PORTO ALEGRE. Num domingo, fui ao OLÍMPICO, junto com a CAIO, assistir a um GRÊMIO X CAXIAS. O técnico da equipe adversária era o TITE, que nem em sonho pensava em treinar algum dia a time da Carlos Barbosa. Ao final do primeiro tempo, um zero a zero, o meu companheiro de arquibancada diz: "Poti, se entrar o RONALDINHO, irmão do ASSIS, ganhamos o jogo". Dito e feito. Resultado final: GRÊMIO 2 X 0. Dois gols do futuro super-craque, que nessa época, ainda era um menino.

Algum tempo, novamente no estádio do GRÊMIO, mais um GRENAL. Desta feita, o INTER ostentando a volta de DUNGA. Nem deu para a saída. RONALDINHO estava endiabrado. E não foi um, mas foram dois "CHAPÉUS" que o "Capitão do Tetra", levou do jogador gremista, durante a partida. Cabe ressaltar que isso não desmerece em nada o atual treinador da seleção brasileira, um atleta e cidadão excepcional. Apenas são essas coisas que fazem a magia e o encanto do FUTEBOL.

E, para terminar, mais uma historinha que presenciei em mais um GRENAL. O INTER tinha um goleiro de nome RENAN, se não estou enganado. Alto, forte, que gostava de ir para a área adversária tentar o gol de cabeça. Passou todo o jogo fazendo gestos de provocação para RONALDINHO. Tipo "aqui, não", "aqui tu não faz gol", essas coisas. Lá pelo final da partida, faltando menos que 3 ou 4 minutos, 0 x 0, uma falta da entrada da área do time visitante. RONALDINHO pede para bater e, lógico, converte a falta em gol. A torcida gremista fica louca, a festa é total e RENAN perde completamente o controle e quer ir para a área do GRÊMIO tentar o cabeceio. ZÉ MÁRIO, seu técnico, faz sinal que não, que ele não faça, isso, mas RENAN não quer nem saber e não volta para sua área. Falta menos de um minuto para o jogo acabar e ZÉ MÁRIO faz um gesto para o banco de reservas, sinalizando que vai substituir seu goleiro titular. Este finalmente percebe o erro que vai cometer e volta devagar para sua meta. A partida chega ao seu final e a carreira de RENAN no INTERNACIONAL também.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

ESSA NÃO PODIA DEIXAR PASSAR...

Saiu na VEJA:

"Se tivesse um punhado de anos e algumas arrobas a menos, Nelson Jobim provavelmente teria aparecido na Amazônia fantasiado de Tarzan."

Augusto Nunes, jornalista, falando do ministro da Defesa, fotografado na selva de roupa militar camuflada afagando cobras e onças.
Sem comentários...

domingo, 28 de outubro de 2007

HOJE É FUTEBOL, MAS O SAMBA CONTINUA...

Depois de uma longa caminhada pela REDENÇÃO, junto com a CARLA, nesta bela manhã de domingo, sento no computador para agradecer os e-mails e comentários que venho recebendo. Em especial a CARMELINA, a ÂNGELA, o GIOVANI, os FRANCISCOS e o JOEL, pelas lembranças, dicas, toques e sugestões. Hoje, acatando uma sugestão do FRANCISCO, vou falar sobre FUTEBOL, do meu jeito, lembrando que os comentários sobre o SAMBA ainda vão continuar. Alô, GIOVANI, encerro essas postagens comentando os discos de SAMBA do LUÍS MELODIA e da MARIA RITA.

Muito bem, vamos lá, o jogo está começando. A paixão pelo FUTEBOL é fruto da influência de meu pai. Por essa razão sou GREMISTA. De quatro costados. Foi a herança que ele me deixou. Preciosa e cultivada ao longo dos anos com o maior carinho. Até hoje lembro da primeira vez em que pisei no ESTÁDIO OLÍMPICO. Foi na primeira metade dos anos 60. Era um domingo bonito como este. Fiquei deslumbrado. Quem me levou foi o "seu" PITIGUARA , avô do ZORRO CORRÊA, dileto primo, compositor e guitarrista.

Nessa ocasião, me foi dada a oportunidade de ver jogar o maior ídolo de minha infância. Ele, o grande centroavante, ALCINDO MARTHA DE FREITAS, que se comportou muito bem, fazendo três gols no Riograndense. Imaginem, um guri mal saído do berço, lá de SANTA VITÓRIA, que ficava mais longe do que hoje de Porto Alegre, poder ver o seu ídolo jogar e "acabar" com o jogo. Quando voltei contando dessa façanha, principalmente ao amigo NELSON LUIZ, parceiro de "gola a gol", fiquei me sentindo como um rei. Um ou dois anos depois, se não me falha a memória, ele acabou comigo, voltando de Montevidéu, aonde foi levado a assitir um jogo do SANTOS, com uma fotografia ao lado do PELÉ. Nem sei se ele ainda recorda disso e se guardou essa foto.

Alguns anos depois, em 1977, no GRÊMIO treinado por TELÊ SANTANA, voltei a ver o ALCINDO jogar. Foi a reconquista do campeonato gaúcho. Mais uma final em sua carreira, a derradeira. Um GRENAL. O velho ídolo estava lento, pesadão, tinha voltado do MÉXICO para encerrar a carreira no seu time de coração. Ainda sabia fazer a "parede" para quem vinha de trás poder chutar, como ninguém. Entrara no lugar do ANDRÉ CATIMBA que, após abrir o placar, saiu lesionado. Vitória tricolor. Outro 3 X 0. ALCINDO deixou o dele, de cabeça. Era a sua despedida. Estão aí, para confirmar este momento de glória, o CAIO, outro primo e amigo e o BECO, vindos comigo de Pelotas especialmente para esse jogo, acompanhados pelo ZORRO. É isso aí. O tempo de bola em jogo terminou. Foram 90 minutos de doces lembranças...

Na prorrogação, antes de voltar a sambar, ainda falo um pouco mais sobre FUTEBOL e o GRÊMIO, em especial. Até lá.

sábado, 27 de outubro de 2007

OS ERROS SÃO TODOS MEUS

Escrevo por instinto, impulso. A revisão é mínima. Peço desculpas por alguma vírgula fora do lugar, uma crase esquecida, esses erros mais comuns. São todos meus, como bem disse numa canção o nosso Ministro da Cultura. Noventa por cento do que está escrito é fruto da memória. A consulta é mínima, algum artigo ao alcance da mão, uma olhada numa capa de CD, essas coisas.

O mais importante é que tudo o que será lido foi fruto da paixão, essa paixão de ler muito, que nasce da minha rotina diária, de muitos e muitos anos. Ler, tudo o que posso e for do meu interesse. Na cama, na mesa, no banheiro, no sofá da casa, nos intervalos de qualquer atividade e, escutar música, muita música e refletir, muito, muito sobre essas e todas as coisas. O resultado está aí, neste blog. Os que, por ventura, estão acompanhando o que foi escrito, são os verdadeiros juízes. Para ser absolvido basta clicar pela segunda vez e ler uma nova postagem. Esse gesto, em verdade, não é uma absolvição, mas um prêmio do mais alto e inestimável valor.

Muito obrigado.

OLHA O SAMBA AÍ DE NOVO, MINHA GENTE!

Ontem , quando me referi ao pessoal que sempre batalhou pelo SAMBA, esqueci de citar BETH CARVALHO, MARTINHO DA VILA e, em menos intensidade, devido ao seu falecimento, CLARA NUNES. Seus discos sempre venderam bem e BETH CARVALHO, por exemplo , está comemorando 40 anos de SAMBA, com um show que passará inclusive aqui por Porto Alegre. Também não posso deixar de citar ZECA PAGODINHO, um dos maiores vendedores de CDs no Brasil e JORGE ARAGÃO, com inestimável serviços prestados ao nosso ritmo maior.

Pronto, já citei os esquecidos e os que estão nas paradas, agora volto para os sambistas clássicos, para o SAMBA DE RAIZ, na realidade, a verdadeira fonte de criação em que bebem todos aqueles que curtem essa extraordinária música brasileira.

Começo por CLEMENTINA DE JESUS, cuja importância ainda não foi devidamente reconhecida, pelo menos que eu saiba. Sua maravilhosa voz, negra, áspera, autêntica, ressoando jongos, lundus, cantos religiosos, sambas de roda é poderosa, inebriante. Tenho quatro ótimos discos dessa dama sem preconceitos de nenhuma espécie. Experimentem ouvir, por exemplo, sua intrepretação para "Incompatiblidade de Gênios", de JOÃO BOSCO e ALDIR BLANC, e "Marinheiro Só", de CAETANO VELOSO. Ficaram perfeitas, a altura de seus criadores e com aquele algo mais que vêm lá de longe, muito longe, de nossos ancestrais, da África. Outra dama do SAMBA que é impossivel não citar, chama-se D. IVONE LARA. Seu disco BODAS DE OURO está repleto de sucessos e convidados. Até, hoje, em qualquer RODA DE SAMBA, todos os presentes sabem , de cor a letra de "Sonho Meu".

E, encerrando esta postagem, não posso deixar de me referir a CRISTINA BUARQUE DE HOLANDA. É, aquela mesmo, irmã do CHICO. Longe da sombra do irmão mais famoso, CRISTINA baseou toda a sua carreira, belíssima, por sinal, no SAMBA, no mais puro e autêntico SAMBA. Recentemente assisti a um espetáculo seu, primoroso, todo ele calcado em NOEL ROSA. Miúda, tímida, no palco se transforma e logo, logo, está com toda a platéia na mão. Questão de talento e repertório. Neste momento em que encerro estas mal traçadas, fruto do entusiasmo, estou escutando seu último disco, CRISTINA BUARQUE E TERREIRO GRANDE AO VIVO. Uma espécie de biografia musical, o CD é uma passada pela carreira desta cantora sensível e de muito bom gosto. Entre as várias pérolas presentes no disco está seu maior sucesso: "Quantas Lágrimas". Vá correndo comprar. Vale a pena. Tchau.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O SAMBA ESTÁ DE VOLTA. ÔBA!!!!!!!

É isso aí, finalmente o mais autêntico ritmo brasileiro é redescoberto e está de volta, renovado e cada vez mais criativo. Confesso, com a maior honestidade, que nunca fui muito fundo na busca por maior conhecimento relativo ao SAMBA, aquele autêntico, nascido nas comunidades negras da Bahia do Rio de Janeiro. Como nunca tive muita grana disponível para comprar discos, lembro com muito esforço de ter comprado uma fita do CARLOS CACHAÇA, junto com outra do Walter Franco lá pela metade dos anos 70. É claro que já conhecia o grande CARTOLA, seu primeiro disco lançado pela gravadora MARCUS PEREIRA até hoje é um dos meus preferidos. Sempre respeitei o gênio de PIXINGUINHA e , é claro, PAULINHO DA VIOLA e JOÃO NOGUEIRA. Acredito que era um sintoma desse tempo, afinal era mais fácil encontrar um disco do Chico, do Caetano e do Gil, da MPB em geral, do que qualquer disco de SAMBA. Afinal, os sambistas autênticos não gravavam por que não vendiam, ou não vendiam por que não gravavam, fica a dúvida. Portanto o SAMBA para mim se resumia ao citado ou o que era gravado pelos astros de MPB, com destaque para a parceria JOÃO BOSCO e ALDIR BLANC.


Há alguns anos, ainda de maneira tímida, começaram a surgir, agora já em CD, material de altíssima qualidade, na maior parte das vezes, relançamentos de discos de sambistas de respeito que em sua versão em vinil haviam ficado no ostracismo. Eu mesmo, comprei dois ótimos CDs, do NELSON SARGENTO (Sonho de um Sambista) e do MONARCO. Como tenho lido tudo o que posso sobre esta nova febre pelo SAMBA, e ainda não vi ninguém se manifestar a respeito, acho que deve ser dado o devido crédito a MARISA MONTE, que pesquisou, gravou e chamou a atenção para uma turma injustiçada, os grandes sambistas do passado, ligados as ESCOLAS DE SAMBA. É claro que essa explosão já estava em gestação; que o pessoal da velha guarda de várias escolas já havia gravado seus discos, mas considero o marco inicial para nosso bom e velho SAMBA voltar às paradas o CD da VELHA GUARDA DA PORTELA, TUDO AZUL. Produzido por MARISA, é um ótimo disco, bem gravado e com um repertório extraordinário. Este, na minha modesta opinião, o pontapé inicial para o SAMBA mandar para as cucuias, o pagode (que nunca foi PAGODE), o axé e a música (pseudo) sertaneja que há muitos anos vinham torturando nossos ouvidos.


Pois bem e ao som de TERESA CRISTINA cantando PAULINHO DA VIOLA, me despeço de vocês. Na próxima postagem volto com o assunto relativo ao SAMBA, por enquanto fiquem com ...

Se um dia,
meu coração for consultado
para saber se andou errado,
será difícil negar...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

HISTÓRIA CURTA E/OU CURTA ESTA HISTÓRIA

Essa não é minha, é do MILLOR! Portanto vale a pena. Leia também nas entrelinhas.

Os mais antigos devem se lembrar. W. C. FIELDS, mais conhecido no Brasil como CHICO BÓIA, era um cômico nas telas do cinema mundial, mas na vida real era de um mau-humor impressionante.

Esta história é curta, mas é clássica. Conta a lenda que depois de se preparar 18 minutos para jogar golfe, quando estava tudo pronto, foi embora sem jogar. Existe algo mais angustiante do que não fazer o que todo mundo espera? Foi o que ele fez.

DISCAÇO

Elegante, discreto, sóbrio, genial. Todos esses adjetivos podem ser atribuídos a um grande músico. Estou falando de PAULINHO DA VIOLA e também de seu mais novo disco, o "ACÚSTICO MTV". Um maravilhoso CD, para "ser navegado", como diz a faixa de abertura, e ser levado por mares e oceanos repletos de "ondas" da melhor música. O formato acústico, já um pouco desgastado, serviu como uma luva na música do cantor e compositor carioca. Talvez por ele sempre ter feito uma música elaborada dentro dos inúmeras possibilidades do Samba, mas de andamento simples e sempre acompanhada de instrumentação básica, ou seja, cavaco, violão, tamborim, pandeiro, surdo e uma discreta seção de cordas.

São 15 músicas sábiamente escolhidas dentro do seu imenso repertório, cada uma melhor do que a outra, com vários destaques. São elas: a de abertura, TIMONEIRO, CORAÇÃO LEVIANO, PECADO CAPITAL, e a maravilhosa seqüência com duas músicas que adoro, TUDO SE TRANSFORMOU e SINAL FECHADO. TUDO SE TRANSFORMOU lembrou-me duma das mais belas cenas que já vi no cinema brasileiro: ANECY ROCHA (irmã do GLAUBER), cantando nua numa piscina esta bela música de PAULINHO. O filme a que me refiro é AMULETO DE OGUM , de NÉLSON PEREIRA DOS SANTOS . A qualidade continua em alta com maior destaque para a duas músicas que concluem o CD, NERVOS DE AÇO, do nosso LUPISCÍNIO RODRIGUES e EU CANTO SAMBA, além da inédita TALISMÃ. Esta uma parceria com MARISA MONTE e CARLINHOS BROWN. Não tem muito mais o que falar.

Se você, que por ventura me lê e gosta de música, pode comprar sem susto, ou ofertá-lo a uma pessoa querida, sempre será um belo presente. E , neste momento em que existe uma redescoberta do nosso SAMBA (falo sobre esses assunto em uma próxima postagem), um novo disco de PAULINHO DA VIOLA, deve ser saudado e escutado com o máximo entusiasmo. Afinal, nessa área, ele sempre foi "o cara"!

TROPICÁLIA - UMA REVOLUÇÃO NA CULTURA BRASILEIRA

Na sequência de minha postagem anterior, que versava sobre "objetos do desejo", falei no livro TROPICÁLIA, UMA REVOLUÇÃO NA CULTURA BRASILEIRA, que faz parte de um projeto maior, uma exposição internacional, que foi montada pelo Museu de Artes Contemporâneas de Chicago, com a curadoria de Carlos Bassualdo. Na verdade, este livro é o catálogo da exposição e envolve, entre 1967 e 1972, artes plásticas, música, cinema, arquitetura, teatro, design gráfico e moda. Contando com o patrocínio da Petrobrás e editado pela Cosac Naify, transcrevo a seguir a razão de este ser um dos meus "objetos do desejo":

"Com uma seleção de textos históricos, imagens e ensaios de reflexão sobre o período, traz contribuições de especialistas nas diversas áreas da cultura brasileira, produzidas especialmente para o volume. Entre outros, podem ser lidos ensaios de Ivana Bentes, Celso Favaretto, Flora Süssekind, Christopher Dunn e Hermano Vianna, além do texto introdutório do curador Carlos Basualdo. A seleção de textos históricos compreende desde textos e manifestos que, embora escritos anteriormente ao período compreendido, compartilham com o Tropicalismo o espírito crítico em relação à cultura brasileira, como o "Manifesto antropofágico", de Oswald de Andrade, "Vivência do Morro do Quieto", de Hélio Oiticica, e "Cultura e não cultura", de Lina Bo Bardi, até a seção que foi chamada, no livro, "Vozes da Tropicália", com os textos fundadores ou mais diretamente ligados ao movimento, como "O Rei da Vela: Manifesto do Oficina", de José Celso Martinez Corrêa, "A cruzada tropicalista", de Nelson Motta e "Tropicália", de Hélio Oiticica, entre outros. A última parte desta seleção traz textos que interpretam ou fazem um balanço do tropicalismo, alguns mais aderentes, outros mais críticos, porém que ainda guardam o calor do momento, como é o caso de "A explosão de Alegria, alegria", de Augusto de Campos, "Tropicalismo, antropologia, mito, ideograma", de Glauber Rocha, "Cultura e política", de Roberto Schwartz e "Que pensa você do teatro brasileiro", de Augusto Boal. A obra inclui uma cronologia do movimento, estabelecida por Basualdo."

É ou não é um "prato cheio", para quem está interessado em conhecer um pouco mais a respeito deste importante movimento que tanto influenciou a Cultura brasileira de 1967 até hoje? No meu caso particular, colecionador de discos que fizeram parte deste momento histórico, então nem se fala. Mas, infelizmente, como inúmeras coisas "neste país", o preço de TROPICÁLIA, UMA REVOLUÇÃO BRASILEIRA é proibitivo, praticamente inacessível, apesar do patrocínio da Petrobrás. Mesmo assim, "não tá morto quem peleia", um dia, quem sabe, eu chego lá. Por enquanto, vou visitar um amigo fraterno que possui esse livro e acho que ele vai me deixar dar uma "voltinha" no seu exemplar. Depois eu conto. Tchau.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

SONHO DE CONSUMO

Pois é, todo mundo tem os seus, eu também tenho os meus. E, por incrível que pareça, são todos livros. Sem esnobismo, nem pretensão, no fim-de-semana estava refletindo sobre os meus desejos mais imediatos e para minha própria surpresa, como já disse, eram todos livros. V"ou citar apenas dois. Um, já estou quase comprando, e o outro, certamente o melhor, está além das minhas posses.

O que já está quase no papo é "1001 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE MORRER", de Robert Dimery, ex-editor da revista norte-americana ROLLING STONE. Em síntese, este livro é a apresentação de uma seleção que 90 jornalistas e críticos de música internacionalmente reconhecidos fizeram dos álbuns mais inesquecíveis de todos os tempos. Abrangendo desde as origens do rock'n'roll até nos anos 50 aos mais recentes sucessos. É um passeio pelo jazz, blues, punk, disco, música experimental, world musica e tantos outros estilos musicais, além do rocke do pop, é claro. "1001 DISCOS PARA OUVIR ANTES DE MORRER" é ilustrado com mais de 900 imagens de álbuns, cantores e bandas. Certamente deve ser uma delícia visual. Depois de ler (e espiar) eu conto.

Em relação ao "meu objeto de desejo quase impossível de adquirir" , falo amanhã . Tchau

TOQUE

"Liberdade? Liberdade é a liberdade do outro. A liberdade do outro eleva a minha ao infinito!"

ROSA LUXEMBURGO

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

ALVIN LEE

Na sequência do comentário anterior, chegamos a ALVIN LEE, extraordinário guitarrista, nascido em Nottingham, Inglaterra, em 1944. Também ele um veterano, brilhou com a banda TEN YEARS AFTER, que liderou de 1969 até 1974. Seu ponto máximo de sucesso foi alcançado durante a lendária apresentação dele e seu grupo no FESTIVAL DE WOODSTOCK.

A partir de 1974, partiu para uma carreira solo, lançando inúmeros albúns, sempre repletos de belíssimos BLUES, sua principal fonte de inspiração, colhida nos velhos vinis de MUDDY WATERS e HOWLIN' WOLF, escutados sem parar durante a sua juventude na úmida e cinzenta terra natal. Mesmo assim nunca deixou de nos brindar com vários rocks, que serviram para demonstrar o quão era e ainda é, virtuoso e veloz, tocando sua Fender.

Agora, em 2007, ALVIN LEE está de volta. Com a sua velha fender na capa, repleta de símbolos e signos, podemos nos deliciar com SAGUITAR, lançado em setembro deste ano. Sem surpresas, mas, como sempre, brilhantemente executado, é um disco a ser sorvido aos poucos, com carinho e atenção. Não destaco nenhuma faixa. Todas tem o seu segredo, um toque sutil, um solo rasgado e acima de tudo uma gravação limpa, gostosa de escutar. Confira, você não vai se arrepender. Um disco para os antigos fãs e para quem quer se arriscar e sair do mainstream.

P.S. Recomendo também mais duas preciosidades, de ALVIN LEE: THE ANTHOLOGY, dois CDs lançados em 2001 e também PLATINUM, uma nova seleção do CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL.

JOHN FOGERTY & ALVIN LEE

Pois é, dois veteranos do bom e velho ROCK AND ROLL estão de volta. Estou me referindo a duas lendas da guitarra: JOHN FOGERTY e ALVIN LEE.


Brilhante guitarrista compositor, JOHN CAMERON FOGERTY, iniciou suas andanças pelo mundo da música lá em 1959. Portanto, já com bastante estrada e na companhia do seu irmão TOM FOGERTY, criou e liderou a banda CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL, emplacando seu primeiro sucesso SUZIE Q. em 1969. Por essas coisas da vida, algum tempo depois caiu fora e seguiu uma profícua carreira solo que venho acompanhando com prazer.


Agora em 2007, ele está de volta com um discaço, chamado REVIVAL, uma alusão a sua ex-banda, que escutei hoje bem cedo, pela manhã, em minha caminhada diária. Fiel as suas origens, REVIVAL é um disco repleto de rocks e baladas com aquela "pegada" básica, country, branquela, saborosa de escutar. Extremamente bem gravado, parece que voltamos aos anos 70. A voz de JOHN FOGERTY continua a mesma e sua guitarra ganhou un peso extra. Não deixe de conferir.


Na próxima postagem, ALVIN LEE.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

DIFICULDADE

Necessito uma "pequena ajuda dos meus amigos". É possível?

Estou encontrando dificuldade para manter uma linha em branco entre um parágrafo e outro.

Mesmo editando a postagem o problema persiste.

Alguém sabe como resolvo esse problema?

Desde já estou agradecido

UMA BIOGRAFIA

Os versos anteriores, naturalmente, remetem aos seguintes:


"Ora, até eu mesmo muitas vezes penso
como conheço pouco minha vida real; apenas algumas
sugestões, raras pistas
vagas e difusas, e
desvios que persigo, para meu próprio uso
a fim de localizá-los aqui."
Estes versos do poeta americano WALT WHITMAN, autor de FOLHAS DA RELVA que, segundo nos informa PAULO LEMINSKI, foi o primeiro BEATNIK e também o primeiro a fazer versos livres, dão início a um livro MONUMENTAL. Estou falando de KEROUAC, UMA BIOGRAFIA, de autoria de ANN CHARTERS.
Escrita em 1973, enquanto ele ainda estava vivo, esta biografia de JACK KEROUAC é a mais completa visão sobre a vida deste andarilho, deste vagabundo errante e genial. Um livro que pode ser lido como um romance, uma aventura, cuja revelação maior é a profunda solidão de um homem sensível e atormentado.
O boom da literatura beat aqui no Brasil aconteceu lá pela metade dos anos 80 do século passado. Como este livro foi lançado algum tempo depois, já sob o desprezo dos nossos literatos, sua repercussão não foi impactante, chegando a ser quase nula. Creio que não deve ter vendido muito, mas acho que com um pouco de paciência pode ser encontrado em algum sebo deste nosso imenso país. Vale a pena o investimento e, se você não leu nenhum livro de KEROUAC, a oferta até hoje é intensa . Para mim, que tenho alguns deles, o melhor é ON THE ROAD (PÉ NA ESTRADA), agora em nova edição atualizada, na tradução de EDUARDO BUENO, o Peninha.
Publico, a seguir, um pequeno trecho do capítulo 6 de KEROUAC, UMA BIOGRAFIA:
"Kerouac começou sua primeira viagem de costa a costa colocando uma ficha de metrô na fenda no I.R.T. da Seventh Avenue e seguindo até o fim da linha, na 242nd street, e pegando bondes ate os limites da cidade, em Yonkers, na margem leste do Hudson. Então, começou a pedir carona. Precisou pegar cinco caronas diferentes para cobrir os oitenta quilômetros até a Ponte de Bear Mountain, onde vai dar a Estrada 6, vinda da Nova Inglaterra - mas seus problemas aestavam apenas no início. Começou a chover forte enquanto ele estava debaixo de uma árvore, no cruzamento de trânsito, carros na estrada. Ele estava aborrecido porque horas já haviam decorrido naquele seu primeiro dia, e ele não avançara em direção ao oeste mais do que quando partira de Nova York, pela manhã.
Finalmente desistiu da Estrada 6 e aceitou uma carona para Newsburgh, onde podia pegar um ônibus de volta para Nova York. A única coisa inteligente a fazer era atravessar o Túnel Holland e dirigir-se para Pittsburgh, na rota dos caminhoneiros: "... não há trânsito na 6." Com soturna determinação, Jack tomou o ônibus de volta para a cidade Nova York com um bando de professoras barulhentas que retornavam de um fim-de-semana nas montanhas.
Estava tão desanimando que foi diretamente para o Terminal dos Greyhound, numa transversal de Times Square onde Cassady pegara seu ônibus para Denver. Jack tinha apenas cinqüenta dólares e não queria gastar tudo numa passagem para São Franscisco, mas fez um acordo de suas finanças com seus princípios. Comprou passagem para Chicago, simplesmente para sair de Nova York. A oeste de chicago, começou a pedir carona.
Tinha aprendido a não lutar com as complexidades do trânsito de uma grande cidade, de modo que tomou um ônibus para Joliet. Illinois, caminhou até as imediações da cidade e levantou o polegar. Mais de metade do seu dinheiro se fora, e para chegar ao Oeste, teria de pegar carona. Por razões sentimentais, colocara-se outra vez na Estrada 6. Em Illinois os caminhões rugiam pela estrada e ele não teve nenhum problema para parar um deles, em sua primeira carona. Vinte e quatro horas e seis caronas depois Kerouac estava em Des Moines, Iowa. Não tinha avançado tanto assim, mas cruzara o rio Mississipi e semtiu que, afinal, chegara a alguma parte."
Não foi fácil, mas ele conseguiu e escreveu sua obra baseado nas aventuras por que passou nas estradas do seu país. Criador da prosa espontânea, Jack Kerouac queria escrever da mesma maneira que Charlie Parker, o criador do Bebop, inventava um solo de sax. Essa foi a sua verdadeira e definitiva viagem. Como todos os músicos de JAZZ, essa viagem foi para dentro de si mesmo e, tenho certeza, ele chegou lá.
Até amanhã.

DÁ-LHE POETA MAIOR!!!!

Em relação a minha postagem anterior, tomo a liberdade de "chamar", como diria o cineasta Cacá Diegues, o nosso poeta maior.
Ele explica melhor o meu sentimento e, creio, de muitos:

"Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes , a vida presente".

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
É isso aí. Dá-lhe poeta maior.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

GOVERNO X JUDICIÁRIO

Apesar das dificuldades ou independente delas, Ieda Crusius não está fazendo um grande governo. Muito pelo contrário. Mesmo assim, nessa sua briga com o Judiciário, é impossível, para mim, não ficar do seu lado. A intransigência e a ganância demonstrada por esse poder é repulsiva e anacrônica.

Neste momento por que passa o País e em especial o nosso estado, o mínimo que se poderia esperar do Judiciário era solidariedade, compreensão e agilidade em suas prerrogativas constitucionais. Chega de pedidos de aumento e emendas visando seu próprio bem-estar. Chega de prédios públicos que mais parecem palácios, com suas colunas de mármore e sua burocracia seletiva.

Está certo que o Legislativo também não merece confiança, mas quando será aberta a caixa-preta deste outro poder, extremamente rico, poderoso e arrogante? A resposta pode estar soprando com o vento, como diria mr. Zimmerman, mas, mais cedo ou mais tarde, ela deve chegar.

Para concluir: como um ser humano, comum e honesto, escrevo com certa temeridade, mas este espaço que ocupo não deve ser desperdiçado. Muito pelo contrário. Um abraço e até amanhã.

ANTOLOGIA D'O PASQUIM & VINICIUS DE MORAES

Conheci O PASQUIM lá por volta de 1970/71, mas comecei a lê-lo (êpa) regularmente a partir de março de 1974. Portanto perdi a sua melhor fase que deve ter ter terminado antes dessa data. Mesmo assim o jornaleco, como era chamado pela "patota" (essa gíria vai pegar), serviu como fonte de informação e de resistência aos desmandos da ditadura para muita gente, inclusive para um pôrra-louca (êpa, de novo) como eu era.

Há algum tempo atrás ganhei de presente de um grande amigo, a ANTOLOGIA D'O PASQUIM, volume 1, que abrange o período entre os anos de 1969 e 1971. Uma maravilha e que me trouxe algumas grandes surpresas, todas elas positivas. A começar pelos PERFIS DO PASQUIM, belíssimas crônicas escritas por VINICIUS DE MORAES. Nem lembrava mais que o "poetinha" havia colaborado com o jornal de maneira tão constante. Como esse livro está sempre presente na cabeceira da minha cama, eventualmente releio algumas delas com o máximo prazer. Duas dessas crônicas são espetaculares. Uma em homenagem a CIRO MONTEIRO ( "...você, sobrinho de Nonô", como diz a letra de SAMBA DA BENÇÃO), um amigo querido de VINICIUS e a outra um lamento bem humorado pelo falecimento de outro grande parceiro de noitadas: ANTÔNIO MARIA.

VINICIUS e seus amigos viveram uma vida fantástica e altamente produtiva. Desde os melhores ambientes europeus até um boteco numa travessa do Rio de Janeiro. Sem susto e sem preconceito. Publico a seguir dois trechos de cada uma para vocês sentirem a qualidade do que elas denotam e conotam.

A primeira fala sobre sua relação com ANTÔNIO MARIA: "Nós amávamos as moças, meu Maria, e as moças nos amavam. Era lindo. depois pegamos meu carro e fomos de batida até Cannes, para cobrir o Festival de Cinema. Festival? O nosso começava às 11 da noite, quando íamos relisiosamente traçar um poulet grillé maravilhoso, a criança se desmanchando toda. Depois, o Festival terminou, nós esticamos por nossa conta, Cannes vazia: que nos importava? Ficamos permanentes de uma boate de lésbicas, você caindo de dólares, muito champagne, papo-furado.
Lésbicas? Não ficou uma só para contar a história. A moçada não aguentou o rolo compressor. Foi demais para elas. E de madrugada eram os caminhos floridos da Costa Azul, os perfumes estonteantes, a sueca Ingrid com 1,80 m: basta dizer que era a que ficava no topo da pirâmide no final do strip-tease. Ela tirava os sapatos e agachava-se toda para dançar comigo. Uma delicadeza de mulher."

A outra, relembro, era para CIRO MONTEIRO: "Uma manhã, há muitos anos, atravessada da noite anterior, Américo Marques da Costa e eu, com muita uca na cuca, sentimos terríveis saudades do Ciro e fomos bater em seu antigo "barraquinho", como ele amorosamente o chamava: um conjugado desse tamanhinho, que vivia de porta aberta para quem quisesse entrar e onde eu conheci algumas mulatas que realmente não eram deste planeta. Lu, sua mulher, que conheceu quando ambos trabalhavam num filme da Atlândida, Segura essa Mulher (Ciro só fez obedecer), deu-nos dois velhos calções de banho, dois pares de tamancos e lá fomos os três para os caixotes do Seu Domingos, onde a patota ia se revezando e os trabalhos eram intensíssimos. Era pleno verão, e só terminamos nossa sauna de cerveja para cair nos braços de um ensopadinho de abóbora, que Lu faz maravilhosamente, e logo a seguir nos de Morfeu. Roncamos e urinamos como pagãos, prova evidente de nossa felicidade e bem-estar, e do bom funcionamento de nossos rins. Porque não há nada que tenha melhores fluídos que a casa de Lu e Ciro. Onde quer que eles morem ou estejam, até em quarto de hotel, respira-se um ambiente de carinho e proteção. Ciro é, como eu, da linha de Xangô, e Lu, como minha mulher Gesse, é filha de Iansã. Não pode haver combinação mais divina."

Viram só? O Itamarati e a censura, devem ter enlouquecido com a genialidade e o desprendimento do nosso poeta. Da poesia clássica, passou pela crônica e terminou como letrista de música popular. Grande poeta e capitão do mato VINICIUS DE MORAES.
Quem quiser descobrir essas belezas escritas e publicadas em 1970 (e muito mais) basta procurar nas boas lojas do ramo ou nos sebos de sua cidade: ANTOLOGIA DO PASQUIM, VOLUME 1, 1969 - 1971. Sem esquecer que já está no prelo o Volume 2.

P.S. Os "epas" e "essa gíria vai pegar", são expressões puramente pasquinianas.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

2 TOQUES

" Viajar é também uma forma de solidão."
NELSON RODRIGUES
"Assino embaixo."
JACK KEROUAC

DEFINITIVAMENTE ESTOU DE VOLTA

Pois é, por essas coisas da vida, andei deixando um pouco de lado o meu blog. Não que isso tenha chamado a atenção de muita gente, he, he, he.
Portanto, estou de volta, mais por teimosia do que por qualquer outra coisa.
E, já começo pegando pesado: TROPA DE ELITE, o filme do momento. Eu ainda não vi. Alguém já viu? Por princípios me recuso a ver um filme dessa importância, que tem causado tanta polêmica, em cópia pirata. Só vou assistir numa bela poltrona de cinema. Mesmo sem ver, desde já adianto que deve ser um belo filme, metendo o dedo na ferida, questionando o cinismo e a prepotência de autoridades, polícia, traficantes, consumidores de drogas e da sociedade em geral. Será que é isso?
Fascista, certamente o filme não é, nem acho que faça uma apologia da violência como o cinema americano faz em suas superproduções. A respeito de TROPA DE ELITE gostei muito de um comentário de Augusto Boal e de um recado do André Sena. A conclusão dos dois, e eu confio neles, é de que o filme mexe com valores estabelecidos como nunca antes se viu n cinema brasileiro.
Repito, eu ainda não vi, mas e você, que está lendo estas mal traçadas, viu? Gostou? Odiou?
Mande sua opinião, seu comentário, que eu publico aqui no blog, OK?

domingo, 15 de julho de 2007

BOM HUMOR

Ontem andei citando o filme "PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO" e quero deixar bem claro aos possíveis leitores do blog, que não sou um cara mal-humorado, pelo contrário, adoro o filme. PRISCILLA é uma obra irreverente, divertida e visualmente fascinante, que conta a aventura de três drag queens pelos confins do deserto australiano.

Cansados da barra pesada de Sidney, os três amigos embarcam no seu ônibus de nome Priscilla e caem na farra. Estrelado por TERENCE STAMP, um ícone do cinema inglês dos anos 60, que deve ter se divertido muito durante as filmagens, HUGO WEAVING, o Mr. Smith de MATRIX e GUY PEARCE que trabalhou em AMNÉSIA, este sim um filme decepcionante, PRISCILLA ganhou o Oscar de Melhor Figurino de 1994 e até hoje é cultuado mundo à fora.

Portanto, se você ainda não assistiu e quiser conferir, "PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO" há algum tempo foi lançado em DVD e é fácilmente encontrável em qualquer locadora. Além disso, você pode arredar os móveis da sala e assistir ao filme dançando, pois a trilha sonora conta com Glória Gaynor e Alícia Bridges. Um arraso.

sábado, 14 de julho de 2007

A VAIA É DEMOCRÁTICA

Como todo brasileiro que estava em casa nesta sexta-feira, assisti a abertura dos Jogos Pan-Americanos. E, como bem definiu o Reinaldo Azevedo, foi uma mistura de estilos: escolas de samba com o filme "Priscila , A Rainha do Deserto". Ainda assim a música foi muito boa e o desfile dos atletas, no início, uma bela inovação.

Para terminar e, novamente como todo brasileiro, não pude deixar de perceber dois destaques: a interpretação de Elza Soares para o nosso belíssimo Hino Nacional foi de arrepiar. A platéia presente, a princípio desconfiada, tentou cantar o hino no seu andamento natural, mas não resistiu a beleza da voz da grande Elza, terminou cantando junto no seu compasso. Foi um drible a maneira de Garrincha, no seu maior palco, o Maracanã. Elza Soares, um destaque positivo.

O destaque negativo fica, é claro, para as vaias ao presidente Lula, não que ele não mereça, pois seu governo tem se prestado a cada coisa que te conto...Mas esse constrangimento pode servir de alerta, de que algo deve ser feito, de que nem tudo está perfeito...Mesmo assim ficou feio, muito feio, nem a Globo conseguiu encobrir, apesar do Galvão Bueno ter tentado.

Como estávamos no Maracanã, depois de lembrar do Garrincha passo a bola para um tricolor de coração (Fluminense) , frequentador do estádio, jornalista, cronista e, por acaso, inventor do moderno teatro brasileiro, Nelson Rodrigues: "A VAIA É DEMOCRÁTICA, ELA NÃO POUPA NINGUÉM".

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Há algum tempo venho acompanhando com atenção o desenvolvimento do cinema argentino. neste momento muito melhor do que o nosso, embora em menor quantidade. Na realidade, quantidade não significa qualidade, todos nós sabemos disso. Dentre os vários filmes do país vizinho que poderia ressaltar, algumas co-produções com a Espanha, resolvi escolher uma produção mais modesta, mas fascinante. Estou falando de CONVERSANDO COM MAMÃE, um filme maravilhoso, soberbo.

O enredo é simples, um executivo é demitido de sua empresa e, com a consequente queda na sua renda familiar (além da família também sustenta a sogra) resolve desalojar a mãe que mora em um apartamento de sua propriedade que pretende vender. É lógico que a velha senhora não aceita morar com o filho nem vender o ap. em que reside. Através dessa trama simples, a dupla mãe e filho, travam diálogos extraordinários que discutem a situação passada, presente e futura de sua pátria, tanto quanto de suas vidas. Só assistindo para poder comprovar a qualidade dessa película, sustentada por uma direção não segura, mas apoiada na atuação da dupla principal de atores, com destaque para a estupenda atriz uruguaia CHINA ZORRILA. Já havia reparado nela em outros dois filmes, ELZA E FRED (ótimo também) e um outro que não recordo o nome.

CHINA ZORRILA é uma veterana atriz oriunda do teatro uruguaio, magnífica no cinema, digna de receber o título, se já não tem, de Maior Atriz da América Latina. Segura em suas atuações, está sempre á vontade diante das câmeras, com uma naturalidade impressionante, difícil de encontrar até mesmo no cinema europeu. Por esse papel recebeu o prêmio de melhor atriz do festival de cinema de Moscou. Para quem gosta de colecionar filmes de qualidade, sua aquisição é uma pedida, ou, melhor ainda, um belo presente para as pessoas que amamos. Vale a pena, tanto comprar, como presentear, mas antes de tudo, é necessário assistí-lo. Para ficar de bem com a vida. Não esqueça CONVERSANDO COM MAMÃE está lá a sua espera. Vá correndo, pois vale a pena.

CINEMA EM CASA: 4 FILMES

Muito bem , conforme já falei no post anterior, nesse meu silêncio prolongado, andei assistindo alguns filmes em DVD. Vou falar de quatro deles, os que mais me interessaram, tanto positivamente, quanto, é claro, negativamente. Desculpem a redundância e vamos lá:

O primeiro foi O LABIRINTO DO FAUNO, premiado filme espanhol, precedido de ótimas críticas, ganhou, se não me falha a memória, dois Oscars técnicos. Este filme, altamente alegórico, conta a fuga imaginária de uma menina aos horrores da guerra, no caso, os últimos dias antes da vitória franquista na revolução espanhola. Muito bem realizado, O LABIRINTO DO FAUNO peca por sua mensagem, a velha mensagem maniqueísta da esquerda, exagerada neste filme, ou seja, nós somos os bons, no caso os "partisans" e os outros são os maus, os muiiiiito maus. Não que eu seja simpático aos franquistas, muito pelo contrário, mas o filme torna isso muito explícito, sem meio termo, sem espaço para ponderação, para reflexão. Quem quiser embarcar nisso tudo bem, só que eu não. Em tempo: Maribel Verdu continua lindíssima.

Na sequência continuamos com o Oscar. O ÚLTIMO REI DA ESCÓCIA mostrou o que todo mundo que gosta de cinema já sabe: Forrest Witaker é um grande ator. Muitas vezes relegado a pequenos papéis, neste filme ele está perfeito encarnando o ditador ugandense Idi Amin Dada. O ÚLTIMO REI DA ESCÓCIA está baseado na história verídica de um jovem médico que em busca de aventura vai parar na nossa mãe África, em um país que passava por mais um peíodo de turbulência e, por essas coisas do destino, cai nas graças do ditador...Sem muita exigência dá para assistir no conforto de sua poltrona preferida, mas o destaque mesmo é o grande ator norte-americano.

Agora, passamos ao terceiro filme que resolvi comentar e as coisas melhoram muito. Sempre gostei do cinema brasileiro. Até hoje, MACUNAÍMA é um dos meus preferidos. Nos últimos anos tenho andado meio decepcionado com a enorme safra de filmes nacionais. Alguns poucos tenho visto nas salas de cinema, mas a maioria assisto em casa. Claro que existem as raras e honrosas excessões, CENTRAL DO BRASIL e CIDADE DE DEUS são dois deles e acredito que O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS é outro deles. Um filme, no mínimo honesto, bem realizado, apesar de sua visível produção limitada.

O diretor Cao Hamburger volta ao tema da ditadura militar de uma maneira original, com uma visão mais particular daquela época negra de nosso país, muito bem recriada para o filme. Deixado as pressas em frente ao prédio onde reside o avô, em um bairro judeu e, na sequência, adotado por toda a comunidade judaica, os olhos de um menino nos mostram um momento de nossa história ainda envolta em brumas que, por iniciativas como as contadas neste belo filme, estão a se dissipar. Vale a pena ver. O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS tem uma coisa em comum com o filme que comentarei a seguir, um bom roteiro. Confira.

Volto mais tarde para completar essa sequência de comentários sobre os filmes que andei vendo.

OLHAÍ, ESTOU DE VOLTA

Pois é, alguns amigos estão reclamando: "Cume´qui é, e o blog, cara? Abandonastes?".
Longe disso, pessoal, apenas sigo levando a vida e, como todo mundo sabe, não é fácil dar atenção exclusiva a apenas uma tarefa nestes tempos bicudos. Mas não fiquei parado, continuei lendo, escutando música, assistindo muitos DVDs, fazendo as minhas coisas e, lógico, relembrando, que como dizia o grande Mário Lago "... eu não sinto saudade, eu tenho é lembranças". Aliás, quando vejo alguém dizer que a palavra mais bonita da língua portuguesa é "saudade" fico meio puto da cara...Saudade significa perda, abandono e "lembrança", muito pelo contrário, está ligada a coisas positivas.
Na sequência falo sobre alguns filmes...

quarta-feira, 20 de junho de 2007

"Cinco Melhores Discos Ao Vivo" - O 5.º lugar

Ufa, finalmente chegamos ao fim e, conforme disse na penúltima postagem, não foi fácil realizar essa escolha. Mas, mais pela sua importância histórica e, também, pelas circunstancias em que tive acesso a esse disco, resolvi escolher para o 5.º lugar o álbum triplo (vinil) : WOODSTOCK - Music From The Original Soundtrack And More. Um clássico, curtido, amado, perdido e sempre presente na minha adolescência. Vamos aos fatos. Contava lá eu os meus 15 anos, com os cabelos compridos, deixados crescer há pouco tempo, com um grupo de amigos e amigas que se reuniam todos os domingos, pela tarde, para dançar. Era a turma do CLUBINHO, espaço cedido pela diretoria de um clube popular. De certa maneura aquilo foi um choque para a sociedade local. Imaginem uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, lá no fim, quase no Uruguai, no ano de 1971, em plena ditadura e aquele grupo de jovens, rindo, se divertindo, namorando. Com o passar do tempo, a nossa ingenuidade foi dando lugar a outras coisas e as pessoas foram seguindo seu caminho, até ficarmos poucos e, de minha parte, comecei a perceber que o mundo havia mudado, radicalmente. Essa é uma longa história que fica para outra vez. Vamos voltar ao motivo desta postagem.

Já havíamos assistido ao filme no cinema da cidade. Éramos meia dúzia, talvez um pouco mais. Quando as luzes se apagaram e a tela passou a transmitir as primeiras imagens ficamos fascinados. Extasiados. Havia mais alguém no mundo que gostava de ser jovem, que saudava os outros com o dedo em V, que amava a natureza sem ser dono dela, que queria viver da maneira que achasse melhor, com prazer e sem culpa. Na sequência, lá pelo final de 1971, estava caminhando pela rua quando, um outro jovem, dois ou três anos mais velho, passa por mim e me estende um disco pronunciando as seguintes palavras: - "Toma, tu deves gostar disso mais do que eu". Era, adivinhe? WOODSTOCK, estalando de novo, quase que intocado. Não sei por que ganhei esse presente, talvez pelo hábito de sempre andar com um gravador no ombro tocando as músicas da época. Mas o certo é que já podia escutar o SANTANA, o THE WHO, JOE COCKER, TEN YEARS AFTER, JIMI HENDRIX e tantos outros na minha vitrolinha de casa. O mundo definitivamente havia mudado e eu, pela primeira vez, passei a me sentir dentro dele e isso era muito bom. Não é necessário dizer mais nada. Agora, "para nosotros que já no somos los mismos", resta apenas ligar a tecla play e escutar todo o CD de WOODSTOCK alto, bem alto.

terça-feira, 19 de junho de 2007

MONTEREY POP FESTIVAL

O Joel Macedo, grande parceiro carioca, lembra com muita propriedade que, neste ano, comemoramos o 40º aniversário do MONTEREY POP FESTIVAL, que foi, na verdade, o pioneiro dos grandes festivais de música. Antes de WOODSTOCK e da ilha de WIGHT, na Inglaterra, houve o MONTEREY POP FESTIVAL.

De minha parte, ainda lembro que fui possuidor de um disco desse festival comprado lá no Chuy, uruguaio. Na minha memória ficou guardada a participação da cantora negra Merry Clayton cantando "Puente Sobre Las Águas Turbulentas", da dupla Simon & Garfunkel. Os discos lançada no querido Uruguai, naquele tempo vinham com o nome das músicas traduzidas para o espanhol.

Estou de volta

Muito bem meus amigos, depois de nove dias fora do ar estou de volta. Vamos recomeçar a trabalhar concluindo a série de comentários sobre os meus cinco discos "ao vivo" favoritos. Olha que terminar essa escolha não foi fácil. Fiquei indeciso entre seis grandes discos que embalaram meus sonhos durante um tempo importante da minha vida. Não foi fácil mas a opção pelo 4º. lugar ficou com CROSBY, STILLS NASH & YOUNG e o seu maravilhoso álbum duplo 4 WAY STREET.

É claro que falo em de um disco de vinil que está neste momento em minhas mãos enquanto escuto o CD lançado com 4 faixas bônus que ficaram fora do formato original. Gravado ao vivo em 1970, no Fillmore East em Nova York, no Chicago Auditorium e no The Forum de Los Angeles, 4 FOUR WAY STREET tem um repertório irretocável, metade acústico e metade elétrico que transmite um momento único da vida de seus quatro criadores. O primeiro disco abre com os quatro vocalizando SUITE: JUDY BLUE EYES e logo a bola é passada para NEIL YOUNG cantar ON THE WAY HOME. E a coisa segue por aí, cada um tentando superar o outro, tanto no solo, quanto em conjunto e quem ganha somos nós que temos o privilégio de escutar essas pérolas da canção americana.

É difícil escolher uma música que se destaque entre tantas belas canções. Mesmo assim vou arriscar, além da já citada gosto muito de CHICAGO, solada pelo inglês GRAHAM NASH, estas duas no CD acústico e PRE ROAD DOWNS e a extraordinária OHIO no elétrico, sem falar de CARRY ON, com a banda toda em longo improviso. Esta bela união de rock, contry e folk resultou num grande momento da música que se fazia no inicio dos anos 70. C, S, N & Y eram oriundos de três grupos que gravaram ótimos discos: The Birds, The Hollies e Buffalo Springfield. DAVID CROSBY, STEPHEN STILLS, GRAHAM NASH e NEIL YOUNG também possuem outro álbum que até hoje ainda escuto: DEJA VU.

sábado, 9 de junho de 2007

SGT. PEPPERS - 40 ANOS

Como estamos em junho não poderia me abster de comentar a passagem do 40.º aniversário de lançamento de: SGT. PEPPERS LONELY HEARTS CLUB BAND, considerado por muitos o mais revolucionário discos dos BEATLES, ou seja sua obra-prima, embora outros tantos prefiram REVOLVER.

Tenho os dois aqui em minhas mãos e mais adiante vamos falar deles e ainda de um filho dileto dessa época: TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS, um disco que não teria existido se antes não houvesse SGT. PEPPERS, ou não? Corrijam-me se estiver errado.

Termino com mais dois comentários:

Conta a lenda que a ÂNGELA voltou de Londres e parece que teria visto Sir Paul MacCartney em seu ambiente de trabalho. Será verdade? Espero que a minha amiga esclareça essa história para nós aqui do blog.

Pelo pouco que vi, a revista BIZZ deu um destaque merecido ao SGT. PEPPERS. A capa está belíssima e a matéria resultou bem interessante.

OS 5 MELHORES AO VIVO, A SAGA CONTINUA...

Em primeiro lugar, peço desculpas por ter ficado dois ou três dias sem colocar nenhum comentário no blog, OK?

Agora vamos em frente e sem a mínima relutância escolhi para figurar no 3º lugar da minha lista o disco "SAM COOKE LIVE AT THE HARLEM SQUARE CLUB, 1963". Esta deve ter sido uma noite inesquecível para quem esteve lá. SAM COOKE é, na minha modesta opinião, o maior cantor de SOUL MUSIC de todos os tempos e olha que a concorrência é grande. Marvin Gaye, Bobby Womack e Billy Preston são outros exemplos de quem também gosto muito.
Duas ou três doses de uisque e este disco no máximo volume, antes de sair para uma noitada que promete muito, deixam qualquer um na maior euforia. São apenas 9 faixas aonde a entrega do cantor é total, excitante, fazendo a platéia reagir a altura, com urros, gritos e aplausos de aprovação. Neste momento em que escrevo escuto um medley com as músicas "It's AllRight/For Sentimental Reasons". Estou com o coração aos pulos. A platéia canta junto. Maravilha.

SAM COOKE começou como um cantor de GOSPELL e com o passar do tempo foi acrescentando pitadas de R&B a sua receita de música negra, emotiva e sensual. Rod Stewart foi sempre um fã declarado de SAM COOKE. A última música do seu disco MTV ACÚSTICO AO VIVO, "Having a Party", é a mesma que encerra o que estou comentando. Tenho esse discaço de MR. SOUL em vinil e fiz uma cópia em CD, mas acho que deve haver aqui no Brasil o CD, mas infelizmente nunca encontrei. Tenho certeza que quem conhece este CD concorda com tudo o que escrevi.

SAM COOKE morreu assassinado em dezembro de 1964, mas a lenda continua fazendo a festa...

terça-feira, 5 de junho de 2007

QUAIS OS SEUS 5 MELHORES DISCOS "AO VIVO"?

2.º - ERIC CLAPTON - JUST ONE NIGHT:

Na continuidade dos meus 5 melhores ao vivo, optei por este grande disco para a segunda posição. Gravado no final de 1979, no teatro Budokan, em Tóquio.
A capa já mostra o que contém seu conteúdo, um Clapton longe dos ternos Armani, de frente para a câmera, trajando calça jeans, camisa azul clara, colete preto e com sua "Fender Strato" ao lado. Estão alí não só vários hits da carreira do grande guitarrista tais como, LAY DOWN SALLY, AFTER MIDNIGHT, COCAINE, BLUES POWER como outras inúmeras preciosidades. O álbum abre com TULSA TIME, um rockaço para ganhar a platéia japonesa e envereda por inúmeras outras delícias.

Mas, o que quero deixar bem claro, é que uma música, em particular, me fascina até hoje. Um blues instrumental chamado DOUBLE TROUBLE. Alí está presente o guitarrista que um dia recebeu a alcunha de DEUS. Só essa faixa vale pelo disco inteiro. O que ele faz nas seis cordas de sua guitarra, depois desses anos todos, continua me arrepiando, emocionando. A banda escolhida para essa tourneé é composta de velhos amigos. Um grupo enxuto com uma fera em cada instrumento, a saber: Chris Stainton, nos teclados; Albert Lee, guitarra, vocal e também nos teclados; Henry Spinetti, na bateria e Dave Markee, no baixo.

Este é, talvez, o último grande disco de Eric Clapton. Uma pena, pois depois ele fez a escolha de grandes excursões, cobrindo o mundo todo e lançando discos incipientes. Últimamente tem tentado qualificar seus lançamentos, investindo mais em discos de Blues. Tenho alguns, mas nenhum com o brilho de JUST ONE NIGHT. Para terminar, gostaria de fazer a seguinte ressalva: O vinil tem uma sonoridade superior ao CD, mas pode e deve ser curtido assim mesmo. Afinal, não foi a toa que os muros de Londres um dia... Chega, essa história você já conhece.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

QUAIS OS SEUS 5 MELHORES DISCOS AO VIVO?

Já que estamos falando em discos e, também, para ver se o pessoal está ligado no blog, aqui vai uma pequena lista dos meus discos preferidos ao vivo. Como o tempo anda escasso começarei publicando um a um, sem pressa para poder também fazer um texto objetivo, claro e honesto. Atenção é "AO VIVO" e, neste primeiro momento serão apenas 5. OK? Mande a sua lista que eu ponho aqui no blog.

1º. CAETANO E CHICO - JUNTOS E AO VIVO: Discaço, lançado originalmente em 1972, merecia uma nova edição mais caprichada em CD, com fotos, lista de músicos, etc. Chico Buarque e Caetano Veloso em plena forma, repertório irretocável. É impossível destacar uma música em especial, todas são ótimas. Meus CD é de 1993 e é um disco fácil de achar e, ainda por cima, baratíssimo. Pode comprar sem susto. Uma jóia para ter em casa na sua discoteca. Acho que esse show, realizado no teatro Castro Alves em Salvador, foi o primeiro de Caetano na sua volta do exílio.

O próximo colocarei no blog amanhã. Tchau

domingo, 3 de junho de 2007

Dica de CD: FEITO EM CASA, de Antônio Adolfo

O pianista Antônio Adolfo tem uma longa carreira. Excursionou com Elis Regina, andou pelos EUA onde estudou piano e recebeu forte influência do Jazz. Em parceria com Tibério Gaspar fundou o grupo A Brazuca, participando de festivais e compondo para outros cantores. "Sá Marina", gravada por Wilson Simonal é uma composição dos dois. E, se não me falha a memória (escrevo direto no computador, levado apenas pelo entusiasmo), a vencedora de o último FIC (Festival Internacional da Canção, de rede Globo), no início da década de 70, a música BR3, famosa na voz de Toni Tornado é de autoria deles, também.

Não poderia iniciar a comentar o primeiro CD aqui no blog, sem falar de um marco da música independente: o disco FEITO EM CASA de Antônio Adolfo. Voltando dos EUA, com a cabeça cheia de idéias lança, em 1977, essa maravilhosa produção totalmente fora dos esquemas das gravadoras. Feito em casa, mesmo, pois até a capa é de sua autoria. Foram prensados inicialmente 500 Lp's, do qual fui um dos felizes possuidores. Foi o primeiro Lp que comprei e recebi pelos Correios. Nessa época lia muitas publicações da imprensa alternativa e deve ser por isso que fiquei sabendo desse lançamento e logo mandei buscar. Um tempo depois comprei mais dois outros LP's dele e no mesmo esquema. Em 1989, meu apartamento aqui em POA foi arrombado e minha coleção de LP's de MPB foi embora junto com o ladrão. Sai a luta e com o tempo comprei o FEITO EM CASA novamente, junto com o Encontro Musical. Só não consegui recuperar um desses discos, o de nome Vira Lata.

Mas, vamos voltar ao motivo destas linhas. O relançamento em CD de FEITO EM CASA, aconteceu 25 anos depois, em 2002, desta vez pela gravadora KUARUP, com uma música a mais, gravada ao vivo. Destacar uma faixa em especial seria uma injustiça com um disco muito forte, coeso, muito bem produzido. Posso destacar apenas as participações da voz de Joyce em uma música, do naipe de sopros composto só de feras, da gravação da bateria, com uma sonoridade ímpar e, claro, do piano, econômico e fluente de Antônio Adolfo. As influências são nítidas, Bossa Nova, Jazz e Samba. Melhor impossível. Realmente, FEITO EM CASA é um marco, não só como um disco independente, mas, principalmente, pela boa música. Batalhando pela internet você acha essa preciosidade. Confira.

Ficha MusicalAntonio Adolfo: Piano acústico, piano elétrico Rhodes e teclados (orgão Hammond, Mini Moog e Arp Strings)
Jamil Joanes e Luizão Maia: Baixo
Luiz Cláudio Ramos: Violão e guitarra
Rubinho: Bateria
Ariovaldo Contesini,
Peninha e Chico Batera: Percussão
Danilo Caymmi e Franklin: Flauta
Marcio Montarroyos: Trompete
Oberdan Magalhães: Sax
Suzana, Luna, Claudia Telles e Marcio Lott: Coro
Joyce, Malú e Antonio Adolfo: Voz SoloFicha TécnicaArranjos e Produção: Antonio Adolfo

Gravação e mixagem: Toninho Barbosa (Estúdio Sonoviso)
Gravação da faixa 12: Paulinho Palhares (Teatro Municipal de Niterói)
Masterização: Luiz Tornaghi (Visom)
Design gráfico: Egeu Laus
Copyright by Artezanal: Antonio Adolfo Produções Musicais

sábado, 2 de junho de 2007

THE POLICE

Pois é, já estamos recebendo colaborações e esta foi bem legal e veio do Lauro Teixeira Jr. sempre ligado nos shows de alta qualidade.

THE POLICE, com datas confirmadas para Buenos Aires, 4 e 5 de dezembro, no estádio do River Plate. As entradas estarão a venda a partir de julho com os preços de 100 a 450 pesos argentinos. Existem duas datas reservadas para o Brasil, uma no Rio e outra em São Paulo. E Porto Alegre?

Sting, Stewart Coopeland e Andy Summers na ponta dos cascos, loucos para tirar o atraso desses anos de separação e nós vamos ficar de fora? Não acredito. Agora é esperar para ver.

Tanks to Laurinho e o espaço está aberto para quem quiser colaborar.

NADA SERÁ COMO ANTES

O último livro da editora Senac que vou comentar é o NADA SERÁ COMO ANTES da jornalista Ana Maria Bahiana, de quem sou fã confesso há muito tempo. A Aninha, como gritava o Zeca Jagger na redação da Rolling Stone brasileira, neste livro traça um panorama do que estava acontecendo de novo, de interessante, naquele período. Estão no livro matérias de e sobre Samba, MPB, Rock, com Chico, Caetano, Gil, Cartola, Milton, Raul Seixas, Rita Lee, Walter Franco, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, etc... O período coberto pelos escritos da jornalista cobrem a malfadada década de 70 e não estão restritos apenas a comentários sobre os artista citados mas também tentam decifrar os festivais de música, situação das gravadoras e muito mais. Foram originalmente publicados em jornalões, jornais alternativos, revistas e alguns textos censurados e esquecidos também estão no livro.
Um dos destaques, na minha opinião, é o texto dedicado a Cartola, iniciado com a referência MESTRE. Um trechinho para deixar babando quem quiser adquirir o livro: "O caminho não é claro, mestre? Não sei se é muita loucura minha, mas costumo sempre pensar que há uma longa e límpida linha de reencarnações mágicas que parte da África e começa em Xangô e, entre outros avatares, inclui, em transmissão direta, Robert Johnson, Geraldo Pereira, Jimi Hendrix, Ismael Silva, Nélson Cavaquinho, Gilberto Gil e Paulinho da Viola. além de você, Mestre. Se não for verdadeira, pelo menos é uma verdade poética: a linhagem está aí, tão nítida, e esse sopro luminoso que varre as Américas tem sempre os mesmos rostos, as mesmas vozes. Essas vozes de mel e estanho, esses olhos da noite, esses rostos de mistério, dor, prazer e sabedoria.O seu rosto, mestre". Puta merda, que maravilha, é de chorar de tão bonito. Como diria um amigo, é por isso que eu bebo. Parabéns, bela Bahiana.
Eu fico por aqui. Tchau.

TOQUE

"Seja lá o que for, sou contra".

Marx, Groucho.

A REVANCHE

Uma das coisas boas de ter voltado a morar em POA é a possibilidade de conhecer muitas pessoas interessantes. Uma delas foi Adauto Novaes. Por trás da postura Zen, calma, tranquila, pulsa um intelectual inquieto e criativo. Curador de uma trilogia de conferências intitulada "Cultura e Pensamento Em tempos de Incerteza", fomos apresentados por Nicéa Brasil, durante o ciclo "O Silêncio dos Intelectuais", evento que só aconteceu em Porto Alegre graças a clarividência da minha amiga, a época diretora do Centro Cultural CEEE-Erico Verissimo. Adauto foi o coordenador de uma pesquisa publicada no final de 1979, chamada ANOS 70, que resultou como um dos mais interessantes panoramas sobre a produção cultural nas áreas de cinema, literatura, música, teatro e televisão, sob as pressões de censura e auto censura de um dos períodos mais violentos do governo militar pós-1964, conforme relatam os editores.
Publicada originalmente em cinco volumes, agora em 2005, os ensaios foram reunidos em um único livro chamado ANOS 70, AINDA SOB A TEMPESTADE e, mais livremente, os autores dos textos foram convidados a comentarem, 25 anos depois, seus originais. O resultado é impressionante, porque, além do declínio da ditadura, podemos ler o começo da mais radical das transições culturais do país, dois movimentos - fim da ditadura e transição cultural - que devem ser pensados na sua particularidade, muito bem enfatizado por Adauto Novaes. O tempo permitiu aos autores dois olhares, muitas vezes contraditórios. Vale a pena ler.
No livro estão, entre outros, José Miguel Wisnik, Ana Maria Bahiana, Heloísa Buarque de Holanda e Jean Claude Bernardet.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

ANOS 70, AINDA SOB A TEMPESTADE

Pois é, a vida tem dessas coisas. Já tinha um texto encaminhado sobre o segundo livro que ia comentar quando parei para almoçar e... tchã, tchã, tchã, tachan...Meu filho menor, o Pedro, meio que sem querer, meio que querendo, deletou o que havia escrito. Mas não é nada, pois vêm aí: ANOS 70, AINDA SOB A TEMPESTADE, A REVANCHE...
Enquanto isso, deixo para vocês mais um belo texto de, advinhem quem? Ele mesmo, OLAVO BILAC, para provar como o nosso blog não tem preconceiro com ninguém, muito menos com o nosso maior poeta parnasiano quando este homenageia um ilustre conterrâneo, pioneiro da Aviação:

"SANTOS DUMONT deu os primeiros passos, virão, depois, os outros. Não há horizonte fechado a ambição humana. Daqui a pouco, o homem não se contentará em pairar perto da Terra: quererá desaparecer na vastidão gloriosa, quererá chegar ao limite da atmosfera. Depois dispensará o ar, atravessará o vácuo, visitará o satélite e os planetas, roçará o Sol com suas asas e, farto de conhecer este mísero sistema solar, irá estudar os outros, até chegar ao centro deles, a este centro que Flamarion dá o nome de DEUS."

Detalhe: Olavo Bilac faleceu em 1918.

DICA: 1 editora, 3 livros

Não estou aqui para fazer propaganda de ninguém, mas, para quem quer entender o que aconteceu lá pelos ANOS 70, com todos os seus contrastes, a editora SENAC (Rio/São Paulo) foi responsável por 3 maravilhosos livros. Um deles ganhei de presente do autor e os outros dois comprei aqui em Porto Alegre. Não são muito baratos mas valeu a pena o investimento. Vamos lá, vou comentar um a um:

1º. ANOS 70 - ENQUANTO CORRIA A BARCA (Anos de Chumbo, Piração e Amor): trata-se de uma reportagem da jornalista Lucy Dias, que conforme disse Antônio Bivar na apresentação "... mergulhou mais fundo e trouxe, como exímia pescadora de pérolas, tesouros de uma juventude que foi anarquista (graças a Deus) como em nenhuma outra época. Uma geração que fez a revolução contra velha tutelagem fossilizada, confrontando até mesmo a ditadura vigente (no caso específico do Brasil). Uma juventude, enfim, que aos trancos e barrancos, finalmente rompeu o hímen complacente do status quo. Foi uma nova barbárie, um dilúvio caótico, de infinita inspiração e imenso legado". Lindo, não? Esse foi também o primeiro livro que trata a questão do desbunde, do pessoal que caiu fora, que enlouqueceu, que se afundou nas drogas, também como uma ação revolucionária, contra a ordem estabelecida pela força. Portanto o desbunde como uma ação POLÍTICA (não concordo, estou fora). Uma tese a ser debatida.
A edição que tenho foi a primeira, lançada em 2003 e, quem estiver a fim de adquirir um exemplar, deve fazer como os Novos Bahianos: Caia na Estrada e Perigas V(L)er.

Glossário:
Cair Fora - sair de determinada situação.
Desbunde - loucura; desvario.
Desbunde -

quinta-feira, 31 de maio de 2007

O mundo gira

Dentro do possível estarei dando um "toque" com frases e citações que acho interessantes.
Essa primeira foi do malucaço e genial Jerry Garcia e é só para dizer que os anos 70, para mim, começaram no louco verão de 1967 e terminaram lá por... ou será que ainda não terminaram?

TOQUE

"Por umas duas semanas, no meio do verão de 1967, tudo foi perfeito".

Jerry Garcia, guitarrista, líder da banda GRATEFUL DEAD

Engatinhando

Apenas como esclarecimento para as pessoas que estão iniciando a acessar o meu blog: estou engatinhando nessa área e com o passar do tempo irei qualificar minhas postagens. Paciência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Mais um lembrete: apesar da minha fissura nos anos 70, o blog não está restrito a essa época. Qualquer comentário que for pertinente com o que acredito pode ser colocado nele. OK?
Só o nosso maior poeta poderia escrever algo tão bonito e verdadeiro.
Sou fruto de uma mulher maravilhosa, que me ensinou a gostar de ler, de apreciar um bom filme e de escutar música.
Sua herança foi esta e não poderia ser maior e mais rica.
Obrigado, MÃE, não poderia ter um blog sem te fazer uma homenagem...
Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

Blog do Poti

Alô, pessoal, aí está o BLOG DO POTI, cuja principal finalidade é receber e trocar informações a respeito de livros, filmes e música. Meus referenciais de qualidade estão centrados na década de 70 do século passado. Tudo o que vêm de lá me interessa. Desde a Poesia Marginal até o bom e velho Hard Rock, passando pelo Cinema Brasileiro, MPB, Samba, O Pasquim e livros que contem e expliquem aquele período conturbado, onde, apesar da ditadura, fui um jovem feliz e um homem livre.